quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Porque para mim é importante participar do 1º Encontro Nacional de Blogueiros

Ouvia ruídos...Eram risadas e restos de conversa. Tentei aguçar a audição para perceber melhor. Segui em direção àquele som. Entrei por aquela porta que se abria diante de mim, como se fosse a única opção.
- Olá! Gritei, em alto e bom som. Tem alguém aí?
Não houve resposta. Apenas o som, ao longe, de risos animados.
Algo me convidava a seguir por aqueles corredores imensos, com alguns trechos iluminados e outros obscuros. Havia, também, muitas portas. E eu tinha vontade de abri-las todas. Porém, eu não poderia parar ali por muito tempo. Eu tinha que descobrir de onde vinha aquele som e quem eram aquelas pessoas que conversavam tão animadamente e estavam tão felizes.
Assim, prossegui naquele caminho, batendo levemente em todas as portas e dizendo olá. De cada uma delas eu recebia um oi, em resposta ao meu. Mas, eu não via seus rostos. Estes ainda eram enigmas para mim.
Num determinado momento, uma grande porta se abriu diante de mim e um clarão muito forte contraiu minha retina. Quando, num esforço gigante para identificar o que estava em minha frente, acordei com a fresta de sol que entrava por minha janela, vencendo as cortinas.
Havia acordado de um sonho que, a meu ver, era premonitório. Eu havia lido, na noite anterior, sobre o 1º Encontro Nacional de Blogueiros, em São Francisco do Sul – SC que irá acontecer em Dezembro próximo e compreendi que seria interessante participar para conhecer estes amigos, virtuais e queridos. Associei aquele corredor imenso do sonho com os corredores internáuticos do mundo blogueiro, repleto de portas que imaginei fossem os blogs incontáveis que temos a chance de visitar e que, nem sempre, visitamos.
Em quantos deles apenas passamos rapidamente o olhar e enviamos nosso “olá” e quantas vezes só recebemos, igualmente, o “oi” em resposta?
Inúmeros blogs são nossos favoritos, os quais visitamos semanalmente e são incontáveis, também, as histórias, contos, narrações, crônicas, poesias, poemas com os quais nos identificamos e interagimos, através dos comentários que são imprescindíveis neste contexto.
Penso que, por tudo isto e muito mais, será importante participar deste encontro, transformando este meu sonho em realidade e estreitando, ainda mais, os encantadores laços de amizade, iniciados nos blogs, vendo estes rostos e ouvindo suas vozes. Trocando abraços e conversando muito.
Esta é a chance. Quero abraçá-la.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

ET existe?

Era Novembro de 1984, fim de tarde, Rodovia Anchieta, indo de São Bernardo do Campo para São Paulo, viagem de 20 ou 30 minutos. De repente, o motor parou de funcionar. Parei no acostamento da rodovia. Insisti em nova partida de motor. Nada. Fiquei apreensiva, afinal, tinha aos meus cuidados duas senhoras idosas, uma pessoa com necessidades especiais e duas crianças. Minha avó, sua filha altista, a irmã de minha avó, igualmente idosa e meus dois filhos pequenos.
Várias tentativas para fazer o carro funcionar e todas frustradas.
Naquela ocasião não dispúnhamos de telefone celular que só surgiu no Brasil em 1990. O jeito foi caminhar até um dos telefones SOS, espalhados pela rodovia e torcer para que estivessem funcionando.
Deixei meus tutelados fechados no carro com inúmeras recomendações às crianças e às idosas e lá fui eu. Alcanço um telefone e comunico a pane. Sem experiência neste problema, fui respondendo às perguntas do atendente da DERSA, concessionária que administrava a Anchieta na época. Ele chegou à conclusão que poderia ser falta de combustível e que, para este problema, ele não poderia enviar o socorro, só podendo ligar para algum contato que eu deveria indicar. Por mais que eu dissesse que havia abastecido o veículo naquela tarde e que não seria falta de combustível, negaram-me ajuda. Passei o número de telefone para o qual ele avisaria e desliguei, já meio desesperada. Volto até o veículo e comunico para minha avó o ocorrido e saio em busca de combustível. Caminhei muito até encontrar um auto posto e comprei o combustível para ser colocado no automóvel, somente para acalmar a consciência. Obviamente o problema não era falta de gasolina e, mesmo com insistência na partida, o motor não funcionou. Tentei empurrar o carro para fazê-lo “pegar no tranco”, mas, sem sucesso. Enquanto eu tentava de tudo, os pseudos atletas que fazem corridas à margem da rodovia, passavam de largo, esquivando-se e ninguém pode nos ajudar efetivamente.
Já anoitecia e as crianças reclamavam de fome, as senhoras idosas queriam utilizar o banheiro e meu desespero crescia ao ver-me impotente diante daquela situação.
Fiz vários sinais, pedindo ajuda para os outros carros que passavam em alta velocidade e não paravam. Até ajoelhei e, mesmo assim, ninguém parou para ajudar.
Eu decidi voltar ao telefone SOS e relatar sobre o problema que persistia. Novas recomendações para todos ficarem fechados no carro, em segurança, pois logo eu voltaria. Todos estávamos expostos ao perigo ali.
Saio em direção ao telefone que estava funcionando, que ficava a dois km dali, aproximadamente, rezando e já chorando. Nos primeiros metros de caminhada, percebo que vem em minha direção um homem caminhando lentamente. Vestia um sobretudo preto e também usava chapéu, igualmente preto. Tinha as mãos nos bolsos. Passei por ele rezando para todos os santos que eu consegui me lembrar e segui. Porém, lembrei-me dos meus lá no carro e o homem seguia naquela direção. Voltei imediatamente, a passos largos, coração aos pulos e respiração ofegante. Temia por assalto e por inúmeras outras crueldades que alguém poderia cometer contra pessoas tão indefesas e vulneráveis feitos nós, ali naquele local. Vi que o homem passou ao lado do carro e seguiu, Consegui alcançar o carro e entrei fechando tudo. Olho pelo espelho retrovisor e vejo o homem voltando.
Nossa. Como senti medo naquela hora. Mas, nada mais poderíamos fazer. O homem se aproximou de minha janela e perguntou o que estava havendo. Desci meio vidro e contei. Ele me disse que eu não poderia ficar parada ali, pois que de madrugada passaria um comboio de caminhões, vindos do litoral sul em direção a São Paulo levando equipamentos poderosos para uma grande indústria. Ele estava monitorando as condições da rodovia e informava à companhia de hora em hora. Contei sobre todas as tentativas para o carro funcionar e, também, sobre ninguém parar para nos ajudar e que estava aguardando o marido vir em nossa ajuda. Foi quando ele disse que me ajudaria. Animada, desci do carro. Tentei chegar mais perto do homem e ele se afastava. Somente disse para eu continuar dentro do carro que ele buscaria ajuda. Vi que ele foi depressa para a pista marginal e, praticamente, se atirou sobre uma caminhonete da DERSA que parou rapidamente, atravessou o canteiro e veio até nós. Expliquei o que havia acontecido e o condutor deu uma carga de bateria, mas, nada adiantou. Examinou mais atentamente e verificou que havia quebrado a correia dentada. Pediu-me calma e paciência, pois ele solicitaria, via rádio, um guincho para nos rebocar. Aliviada voltei-me para agradecer ao homem de preto pela ajuda, mas, cadê? Ele havia desaparecido. Tratei de acalmar meu tutelados e aguardamos a chegada do guincho. Meu filhinho dormiu recostado no ombro da irmãzinha e nem viu quando o socorro veio nos rebocar. Fomos levados até o posto da DERSA mais próximo de SP onde havia pátio para guardar o carro. No interior da unidade também tinha sanitários para alívio das senhoras e, também, água fresca para todos nós. Eu tratei de ligar para o marido que já estava vindo ao nosso encontro com o outro carro para nos buscar. Enquanto eu esperava, fiquei conversando com o policial rodoviário que fazia plantão no local e contei sobre o ocorrido e comentei sobre a ajuda do monitor de rodovia e sobre o comboio. O policial me informou que não estava programado nenhum comboio vindo do litoral e que não tinha nenhum monitor ao longo da estrada. Descrevi o rapaz e o policial alegou jamais ter visto alguém nestas características circulando pela rodovia. Admirada, exclamei que foi ele quem buscou ajuda parando a caminhonete da DERSA, mas o policial retrucou dizendo que o funcionário da DERSA parou por ter visto meu carro no acostamento. Perguntou-me se eu tinha certeza daquilo, fazendo uma cara de dúvida sobre minha sanidade mental. Odiei isso.
Já passava das 22 horas quando meu marido chegou e nos levou para casa de minha avó, todos sãos e salvos. Só no dia seguinte tivemos condições de buscar o carro quebrado, junto com um mecânico de nossa confiança.
Por muito tempo fiquei pensando sobre o anjo de preto que nos ajudou e chego à conclusão que poderia ter sido um ET bondoso e disposto a ajudar.


quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Chapeuzinho Vermelho

Bracinhos cruzados e meio metro de bico. A carinha mais linda do mundo, cabelos eriçados, olhar no meu.
Esperou o tempo todo, mas, suas pernas não paravam de andar no mesmo lugar, com suas botas ortopédicas que lhe definiam a musculatura ainda mais.
Bastantes vezes gritava o nome da irmã e aplaudia muito. Repetia as falas, melhor que os pequenos atores, por tantas vezes assistir aos ensaios, na escola ou em nossa casa. Ao longo do tempo que ocorreram os ensaios, foi lobo mau, chapeuzinho vermelho, caçador e vovó, pois ajudava a irmã, passando as falas com ela, pacientemente. Parecia que ele iria se apresentar, tamanha a concentração e seriedade durante os ensaios.
Pequenino, com seus 3 anos de idade, lembrava a irmã sobre os deveres escolares e sobre o horário do ensaio. Ele adorava. Participou de cada detalhe de montagem da personagem. A irmã seria a vovozinha na peça “Chapeuzinho Vermelho”, no encerramento das aulas daquele ano de 1985, quando ela terminaria a 2ª série do ensino fundamental. Os dois se emprenharam e me ajudaram na escolha da roupa que fiz para a vovó, o chinelinho que adaptei, os óculos antigos emprestados de minha mãe, o xale, a maquiagem que improvisei, até nos cabelos que os tingi de branco, usando gel para cabelo e talco. A caracterização ficou excelente. A professora elogiou muito.
Ele não cabia em si de orgulho da irmã. Por isso, queria ir lá, atuar com ela, falar a peça toda, interpretar todos os personagens. Enquanto eu tirava as fotos, tive de segurá-lo bastante e explicar-lhe que, naquele momento, éramos expectadores e não mais atores, coreógrafos, cenógrafos e figurinistas. Naquela hora, éramos mãe e irmão, assistindo nossa pequena atriz em sua performance. Depois, sim. Poderíamos abraçá-la, beijá-la e entregar-lhe o presente que ele fez questão de escolher e comprar para darmos a ela. Ele, seu maior fã.
Por isso, até segunda ordem, os bracinhos cruzados, a boca em forma de bico e as perninhas irriquietas, doidas para correr em direção à irmã e festejar com ela.
Ao final, muitos aplausos e a corrida até a irmãzinha num abraço maravilhoso. Ainda fez questão de tirar foto com toda a equipe de pequenos atores e com a professora.
Jamais esquecerei cenas tão doces da infância de meus filhos.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Pegadinha

Já era final de tarde quando tocou a campainha. A recepcionista atendeu e mal teve tempo de perguntar no que poderia ajudar, quando foi empurrada por aquele homem indignado e que esbravejava pela sala.
Ele queria falar com nosso diretor, a qualquer custo, desfiando um rosário de impropérios, em alto e bom som, fazendo com que os outros funcionários saíssem de suas salas, buscando explicação para tamanho furdunço.
Dizia-se injustiçado pela cobrança indevida de juros, multas e outras taxas sobre débitos de condomínio tendo, inclusive, que suportar custas processuais em suposta ação judicial de cobrança no Fórum local.
Por mais que a recepcionista tentasse acalmá-lo, o homem urrava o nome de nosso diretor e advogado da causa condominial.
Fui convocada, pela maioria de meus colegas e por minha fama de conciliadora, a falar com o condômino enfurecido.
Explicava-lhe a razão da ação e que se tratava de seguimento da cobrança, por força de contrato como prestadores de serviço e assessoria jurídica aos Condomínios, nossos clientes. Salientei que tudo poderia ser resolvido com calma, bastando ele me acompanhar até minha sala, onde poderíamos falar a respeito e verificar a possibilidade de acordo de parcelamento ou, até, quitação dos débitos, de forma amigável e discernida. Mas, ele estava transtornado, a ponto de não compreender uma palavra sequer daquilo que eu falava. Empurrou-me a fim de entrar pelos corredores e alcançar a sala de nosso diretor. Eu pedia-lhe calma e avisei que poderíamos chamar reforço policial, caso ele insistisse naquela atitude. O homem não ouvia nada, nem ninguém. Foi entrando, rompendo barreiras humanas. A recepcionista chorava juntamente com a estagiária, impotentes diante de tão deprimente quadro.
Nosso jardineiro, que plantava novas mudas em nosso jardim, vendo a situação pela janela, veio em nosso socorro, com uma enorme tesoura de poda nas mãos, investia contra o pseudodevedor irado. Tivemos de segurar suas mãos para que ele não cometesse este ato de violência que só pioraria a situação.
A legião de funcionários seguia o homem que, aos brados, finalmente entrou na sala de nosso diretor. Óbvio que, nesta altura da contenda, o advogado se colocou em posição defensiva e partiu para briga. Vendo que iria tomar uns belos sopapos o homem estancou, pálido, feito cera. E nós, ao mesmo que ríamos, tentávamos falar que tudo não passara de uma “pegadinha”, estas brincadeiras feitas por atores contratados.
Nesta época, minha irmã era casada com o advogado e diretor da empresa em que trabalho e, brincalhona de plantão, resolveu aprontar com o marido, pregando-lhe esta brincadeira, em comemoração ao seu aniversário. Eu já sabia de tudo e participei da encenação. Mas, confesso, foi um sufoco. Controlar a ira de nosso diretor quando se viu acuado e ameaçado por aquele homem furioso.Depois de muitas risadas, tapinhas nas costas e pedidos de desculpas, cantamos a tradicional canção do “Parabéns a você” e degustamos um delicioso pedaço de bolo.

domingo, 16 de agosto de 2009

As pérolas

O gosto do “seu” Odílio e de dona Cândida num encontro com familiares ou amigos era apresentar, cheios de orgulho, as pérolas da família.
Hoje, quando alguém se refere a perolas querem dizer sobre algum absurdo da linguagem ou sobre imagens esdrúxulas que os meios de comunicação mostram. Mas, antigamente, não. Quando alguém se referisse ou quisesse mostrar suas pérolas era, exatamente, mostrar seus valores.
Assim, Seu Odílio e Dona Cândida orgulhavam-se de sempre mostrar sua riqueza familiar... Suas netas, Sara e Sofia. Em primeiro lugar porque elas eram gêmeas o que, naquela época, nos idos de 1950, era novidade surgida na família e, em segundo lugar, pelos talentos que as meninas tinham. Seus pendores artísticos encantavam a todos.
Sofia tocava violino e Sara dançava. Ambas tinham um amor imenso pela música, mas, somente Sofia encantou-se pelo instrumento, depois de um sarau em casa de parentes, nas festas natalinas.
Seu Odílio tocava clarinete muito bem e, junto com seu irmão que tocava violino, eram sempre convidados a animar as festas pelas redondezas, acompanhados de mais dois colegas, no violão e na sanfona.
Foi amor à primeira vista, de Sofia pelo violino, o instrumento que achou bem engraçado, no início, pois parecia com o corpo de suas bonecas e ainda tinha de ser roçado por aquela vara comprida para emitir som. Mas, depois, passou a ser seu sonho de consumo e desejo maior em aprender a tocá-lo. Incentivada por seu avô Odílio, passou a tomar aulas com o tio violinista e, rápido, aprendeu a dominar o instrumento, surpreendendo a todos.
No Natal de 1950, além da música que animava a festa, apresentou-se, também, a Cidinha, uma parenta distante que havia retornado de viagem da França, onde tinha ido estudar, levada por um de seus tios, marinheiro de um transatlântico, ao ficar órfã. Ele a deixou em Paris, aos cuidados de uma de suas inúmeras amantes e esta cuidou da menina com tanto zelo e amor como se fosse sua mãe e a encaminhou para aulas de balet. Passados muitos anos, ao visitarem os familiares brasileiros, foram convidados a participarem das festividades e a menina Cidinha pode mostrar o que havia aprendido na Europa.
Sara se encantou. Não tirava os olhos da bailarina um minuto sequer. Nunca tinha visto algo tão belo. Passou a sonhar com a cena vista. Imaginava-se dançando como Cidinha. Obstinou-se em aprender, mesmo que sozinha, os passos complicados da dança. Para seu orgulhoso avô foi um desafio. Ensinar a tocar clarinete seria fácil para ele. Violino, violão ou sanfona, também seria fácil ensinar, com a ajuda de seu irmão e demais companheiros do grupo. Mas, o balet, como poderia oferecer isto à neta, visto que, naquela época, era muito mais difícil encaminhar as meninas para as escolas especializadas que cobravam altos preços por suas aulas. Só mesmo as famílias com grandes posses poderiam dar esta cultura para suas filhas ou netas.
Limitado em seus recursos, Seu Odílio passou a levar a neta aos espetáculos onde se apresentavam as bailarinas e a menina, atenta a tudo, logo aprendeu vários passos e, até, desenvolveu coreografias próprias. Apresentava, cheia de orgulho, o aprendizado ao avô querido que, junto com Dona Cândida, se encantavam a cada demonstração.
Assim, nos encontros familiares e festividades locais, satisfeitos e orgulhosos, mostravam suas pérolas para todos.
As meninas eram sempre muito aplaudidas e requisitadas para animar as tardes de domingo, em casa de familiares e amigos, nos deliciosos encontros para o chá.


terça-feira, 11 de agosto de 2009

Férias prolongadas



Gargalhadas gerais pela casa. Sobe e desce escadas. Correria, mil brincadeiras e sem horário para nada.
Entendo que brincar é preciso, bagunçar é preciso, mas, haja pique para tudo isto. Ao menos para mim, pobre avó que, além de trabalhar o dia todo na empresa, tem de suportar a dupla jornada em casa e a tripla jornada das férias escolares desta turminha da pesada que é o meu “Clube da Luluzinha”.
Férias escolares, prolongadas pelo surto de gripe suína...Oh, Deus! Sempre que começam as férias escolares, termina o sossego de pais e avós. Mas, digo isso no bom sentido, pois é sempre bom ter a criançada por perto, nos contagiando com sua alegria incessante.
Com a chuva intermitente em pleno mês de Julho que não nos dava trégua, o jeito foi improvisar. Zilhões de jogos pela Internet que elas mesmas estipularam critérios, cronometrados, para uso do computador, centenas de DVDs com filmes e desenhos super divertidos, festas de aniversários e batizados das bonecas, caça ao tesouro, bailes à fantasia, festa do pijama, do chapéu, jantares exóticos recheados de hambúrgueres, salsichas e batatas fritas, regados a muito refrigerante e sucos, toneladas de pipocas, bolos e bolinhos de chuva, quilolitros de chocolate quente, além dos insubstituíveis “miojos” e afins. Ninguém poderá imaginar. Ou, poderão...Sei lá!
Depois de um dia intenso de trabalho, após passar por um trânsito insuportável, com o céu desabando sobre a cidade, tudo o que se quer é chegar em casa, tomar um banho e se esborrachar no sofá sem querer saber se o mundo vai acabar ou não. Doce ilusão. Eu tinha de colocar meu pijama, ou inventar um chapéu diferente para a tal festa, ou mesmo improvisar uma fantasia. Outras noites eu tinha de me vestir de convidada para a festa de aniversário das bonecas, não sem antes quase surtar diante dos utensílios da cozinha, besuntados de gelatina ou de brigadeiro e recolher algumas poucas centenas de peças de roupas e sapatos que ficavam “discretamente” abandonados pelos cantos da casa.
Em algumas noites tirei folga e deleguei ao tio a responsabilidade de levá-las ao cinema, afinal, ninguém é de ferro.
O socorro foi maior quando a tia avó as levou para ficar uns dias em sua casa. Eu nem quis saber sobre o cardápio e a agenda de atividades.
Não sei se teria sido melhor tê-las inscrito em algum acampamento ou resorts infantis, pois o saldo financeiro geral, ao final, foi desalentador:
Bem, é óbvio que exagerei sobre os fatos expostos e que foi uma tristeza enorme o momento da despedida, pois sei que só no final do ano as terei comigo, assim tão pertinho, nas próximas férias escolares.
Avós sofrem, viu!
Muita paz! Beijossssssss

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Liquidação

Eu não sigo a moda. A moda se quiser que me siga. Mas, como boa representante do sexo que enlouquece em tempo de liquidação, confesso que já fiz algumas loucuras. Nem sofro por dizer que já torci para que a vizinha de provador desistisse do vestido lindérrimo que acabei comprando por uma bagatela. Ficou meio apertado, mas, se eu perdesse alguns quilinhos, arriscaria em usá-lo, mesmo com o problema da cor que, até hoje, nunca soube dizer qual era, entre o azul desbotado, meio esverdeado, amarelado... Sei lá. Ficou por meses pendurado no armário com etiqueta e tudo. Felizmente, acabei doando para nosso bazar beneficente que tirou o peso de minha consciência.
Já que comecei, continuo. Confesso. Já tive um terrível caso de amor com um sobretudo de lã (nem me perguntem a cor) e nem me importei por ele ser dois números maiores que o meu e ser insuportavelmente pesado, a ponto de causar cansaço nos ombros. Mesmo parecendo um militar de patente, desfilava orgulhosa com meu casaco caríssimo, comprado por pechincha em liquidação.
Certa vez, cismei com um par de sapatos de cetim e laço em cima, cor de rosa. Usei no mesmo dia, em uma festa e eu me sentia o máximo com eles, mesmo amargando a dor nos pés, pois eles eram duros demais. Não sei se pela cola do tecido ou pelo tamanho do salto. Guardei-os na caixa para sempre e levei 4 semanas para sarar das bolhas adquiridas.
Outro dia minha amiga me convidou para irmos a uma “sale” (nome sofisticado para uma queima de estoque) numa famosa loja de grife. Imaginei que seria interessante, pois, jamais pensei que a mulherada mais chique também atacasse em liquidações. Imaginem centenas de mulheres, disputando a tapas, bolsas, calças jeans e outras peças, arrancadas das araras, como se fossem os meios de subsistência mais importantes de suas vidas?! Saí correndo de lá. Mesmo porque, meu cacife e meu gosto não combinavam com as peças disponíveis.
Liquidação é algo muito sério. Qualquer mulher sabe que, no meio da loucura de uma “sale”, precisa-se agir rápido, antes que adversárias descubram aquele casaco de pele chiquérrimo que nos será muito útil caso sejamos convidadas para uma festa de gala no ducado da Normandia.
Comum sermos contaminadas pelo vírus da promoção e comprar roupas e acessórios que não tem nada a ver com nosso estilo. Portanto, é perfeitamente compreensível que a mais recatada senhora, diante de um vestido vermelho, justo e decotado, sinta que talvez seja a hora de arriscar uma mudança radical e se transformar numa perua sexy.
Putz...50% off (apelido para a velha liquidação), as vezes acabamos exagerando. Minha irmã, a Claudinha, já chegou a comprar seis pares de sapatos idênticos, mas de cores variadas, porque estavam bem baratinhos! Liquidação a tira do sério.
Aliás, liquidações podem nos tirar do sério, dos limites do bom senso e do cheque especial. Basta passar pelo caixa, sair da loja com as mãos cheias de sacolas, para acabar a excitação e sairmos do transe. Bate o remorso e nossa mente passa a imaginar quais os planos que adotaremos para esconder do marido aquele monte de quinquilharias e de que forma usaremos o que foi comprado, uma peça por vez sem que ele desconfie, como se a conta do cartão de crédito não denunciasse.
Bem, a verdade é que não tenho paciência para esperar um provador vazio e acabo desistindo da compra ou levando algo sem experimentar.
Melhor mesmo é sair às compras antes das lojas anunciarem liquidações e comprar somente o que estivermos precisando. Nada como ter no armário um “pretinho básico”, uma boa camisa branca, uma calça de corte tradicional e impecável e um par de sapatos ou sandálias de tirar o fôlego. Mesmo que na semana seguinte esteja tudo pela metade do preço. Ainda assim é o melhor a fazer, em nome da economia e do bom senso.

terça-feira, 28 de julho de 2009

minha primeira cachaça

Deus me livre de ficar pensando em gripe suína, resfriados e outras preocupações inerentes à baixas temperaturas.
A lembrança tem razões que a própria razão desconhece. Com o friozinho que tem feito, me pego em flagrantes recordações. Aliás, agradáveis recordações, eu diria.
Quando tenho oportunidade de ficar em casa, naquela deliciosa folga, trato logo de buscar a paz, através de atividades que este clima convida. Enfio meus pezinhos em minhas pantufas macias e quentinhas (da Minie, que minha irmã me trouxe da Disney), me acomodo numa poltrona bem confortável, na companhia de meu bom e velho amigo (o livro). Outras vezes, sob o edredon, assistindo filmes, com um “balde” de pipocas ao lado, é claro. Em outras, sofistico mais e apelo para os fondues maravilhosos, degustados com aquele vinho especial. Aí, não tem jeito. Logo me vem à lembrança algumas viagens aventureiras, pelos cafundós do Brasil.
Já era meio da tarde e o frio estava de congelar os ossos quando chegamos em Crisólia, subdistrito de Ouro Fino, em MG, onde iríamos passar alguns dias de férias, numa chácara ao pé da Serra da Mantiqueira. Passamos pelo mercadinho para levarmos algumas provisões e perguntamos se havia algum restaurante na cidade, onde pudéssemos comer alguma coisa. O comerciante nos indicou o local e lá fomos nós. Chegamos e já ficamos desconfiados, quase a ponto de darmos meia volta e nunca mais voltarmos lá. O local era de péssima aparência, à beira do riozinho. Tinha uma casa velha, de madeira, parecendo abandonada de tão feia, com um puxado de telhas à frente onde abrigava uma mesa longa, feita de tronco, rodeada de bancos rústicos, feitos igualmente de troncos de árvores. Num barquinho velho, ancorado à margem do rio, avistamos aquele homem, de aparência envelhecida, que teimava em consertar velha rede de pesca. Ao ouvir o ronco do motor de nosso carro, olhou-nos com largo sorriso falhado. Gritou o nome da mulher que nos recebeu com um ritmado boa tarde, à moda mineira. Por mim, eu teria voltado dali mesmo, mas, meu amado pai, conhecedor destes cantinhos curiosos, conseguiu nos convencer a ficar. Perguntamos pela comida e logo a senhora se pôs a arranjar a mesa, trazendo pratos e talheres que colocou sobre uma toalha hiper limpinha. O frio era intenso e meu pai foi logo perguntando se tinha uma boa cachaça para descongelar os ossos e aquecer a alma. Para nós, mulheres, o que nos salvaria seria uma boa terrina de sopa bem quente. O casal nos sorriu e pediu-nos para nos acomodar à mesa.
De um tonelzinho velho, colocou num copo simples um líquido dourado, perfumado e doce e entregou ao meu pai. Sentíamos o perfume de longe. Meu pai provou e arregalou os olhos com alegria. Curiosos, pedimos para provar também. Depois de tanto insistirmos e pelo frio intenso que fazia, meu pai passou o copo, primeiro para meu irmão, depois para nós, minha irmã mais velha, eu e nossos respectivos namorados. Para mim, que nunca havia provado cachaça, ardeu a garganta, mas, aqueceu o corpo. Logo veio a comida surpreendente. Um caldeirão enorme, daqueles de ferro, com sopa de legumes e frango, juntamente com o prato principal que era uma enorme travessa de iscas de peixe com molho de tomate apimentado, uma combinação que me pareceu transcendental.
Depois de comermos tão fartamente, fomos para a chácara, felizes e impressionados. Voltamos àquele lugar mais algumas vezes, antes de voltarmos para casa.
Hoje, com este frio e olhando minha caneca de sopa (coisas de fast food moderno), senti muita saudade daquele quitute delicioso e daquela minha primeira aventura com nossa Cinderela tropical, a cachaça.

domingo, 19 de julho de 2009

SOS natureza

Dia destes, chovia a cântaros e eu passava de carro pela avenida Luiz Inácio de Anhaia Melo, famosa rua em Sampa. Não bastasse o trânsito insuportável, o alagamento de certos trechos me fazia buscar outras opções de caminho para que eu pudesse alcançar a rodovia Anchieta e ir para casa.
Enquanto parada por conta do congestionamento, pensava no descaso da população com relação ao excesso de lixo que flutuava pelas poças d’água e complicava, ainda mais, a vida dos transeuntes que lutavam por escapar de tais armadilhas.
Como seria bom se todos adotassem certas medidas comportamentais para começar a mudar o aspecto do planeta e nem precisamos de excentricidades para isto. Bastam atitudes simples como fechar a torneira ao escovar os dentes, banhos mais rápidos, retirar os resíduos de alimentos antes de lavar os pratos, usar os produtos até o final de sua vida útil e comprar novos somente quando necessário, apagar a luz ao sair de um ambiente, usar integralmente os alimentos, evitando o desperdício, desligar aparelhos eletrônicos quando não estão sendo usados, varrer o lixo com a vassoura e não com a mangueira d’água, usar água de chuva para lavar automóveis e os quintais, separar o lixo para a coleta seletiva, utilizar produtos de limpeza biodegradáveis, reciclar e por aí vai.
Isto me fez pensar, também, no exagero de certas ações que, nem sempre, trazem os efeitos salutares necessários como, por exemplo, ficar abraçado à velha árvore para que ela não seja derrubada ou atear fogo ao próprio corpo como forma de protesto, considero exageros. Tem plantas que podem se retiradas de certos locais e replantadas em outros. Isto é normal. Botar fogo no próprio corpo é suicídio e não protesto. Isto choca e não resolve nada. O buraco é mais embaixo e há que sermos mais realistas.
Cuidar da ecologia não é mais assunto para as próximas gerações, pois já estamos pagando o preço por conta da degradação. Buraco da camada de ozônio, aquecimento global, derretimento das calotas polares, tufões, furacões, tsunamis, epidemias, são respostas da própria natureza quanto às agressões que ela vem sofrendo. Nosso planeta está doente, em estado grave na UTI. E não basta só bradar conceitos e abraçar causas esdrúxulas, se transformando num ecochato de primeira.
Água potável será o motivo de guerras futuras. Caiamos na real.
Sou uma pessoa normal que usa combustível no carro, sapatos de couro e roupas de materiais sintéticos ou não e que não abre mão do conforto da eletricidade, mas, entendo que o importante é ter iniciativa e atitudes efetivas, nos conscientizando da necessidade de adotarmos hábitos simples como consertar uma torneira pingando, contribuindo para que não se esgote nosso recurso natural e não soframos o efeito bumerangue, ou seja, mandamos sujeira para a natureza e ela nos devolve tragédias.
Há quem diga que bicho também é gente. Pois digo que gente também é bicho e merece todo o respeito, com tudo de bom que a natureza pode nos oferecer. Basta cuidarmos dela, pois ela está precisando de fôlego para se recuperar.
Muita paz!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Ainda...




Olá, amigos!
Ainda estou super atarefada, ajeitando tudo por aqui.
Mais um pouquinho e fica tudo certo. Logo eu volto.
Não esqueçam de mim, ok?!
Saudade!
Muita paz! Beijosssssssssssssss