O gosto do “seu” Odílio e de dona Cândida num encontro com familiares ou amigos era apresentar, cheios de orgulho, as pérolas da família.
Hoje, quando alguém se refere a perolas querem dizer sobre algum absurdo da linguagem ou sobre imagens esdrúxulas que os meios de comunicação mostram. Mas, antigamente, não. Quando alguém se referisse ou quisesse mostrar suas pérolas era, exatamente, mostrar seus valores.
Assim, Seu Odílio e Dona Cândida orgulhavam-se de sempre mostrar sua riqueza familiar... Suas netas, Sara e Sofia. Em primeiro lugar porque elas eram gêmeas o que, naquela época, nos idos de 1950, era novidade surgida na família e, em segundo lugar, pelos talentos que as meninas tinham. Seus pendores artísticos encantavam a todos.
Sofia tocava violino e Sara dançava. Ambas tinham um amor imenso pela música, mas, somente Sofia encantou-se pelo instrumento, depois de um sarau em casa de parentes, nas festas natalinas.
Seu Odílio tocava clarinete muito bem e, junto com seu irmão que tocava violino, eram sempre convidados a animar as festas pelas redondezas, acompanhados de mais dois colegas, no violão e na sanfona.
Foi amor à primeira vista, de Sofia pelo violino, o instrumento que achou bem engraçado, no início, pois parecia com o corpo de suas bonecas e ainda tinha de ser roçado por aquela vara comprida para emitir som. Mas, depois, passou a ser seu sonho de consumo e desejo maior em aprender a tocá-lo. Incentivada por seu avô Odílio, passou a tomar aulas com o tio violinista e, rápido, aprendeu a dominar o instrumento, surpreendendo a todos.
No Natal de 1950, além da música que animava a festa, apresentou-se, também, a Cidinha, uma parenta distante que havia retornado de viagem da França, onde tinha ido estudar, levada por um de seus tios, marinheiro de um transatlântico, ao ficar órfã. Ele a deixou em Paris, aos cuidados de uma de suas inúmeras amantes e esta cuidou da menina com tanto zelo e amor como se fosse sua mãe e a encaminhou para aulas de balet. Passados muitos anos, ao visitarem os familiares brasileiros, foram convidados a participarem das festividades e a menina Cidinha pode mostrar o que havia aprendido na Europa.
Sara se encantou. Não tirava os olhos da bailarina um minuto sequer. Nunca tinha visto algo tão belo. Passou a sonhar com a cena vista. Imaginava-se dançando como Cidinha. Obstinou-se em aprender, mesmo que sozinha, os passos complicados da dança. Para seu orgulhoso avô foi um desafio. Ensinar a tocar clarinete seria fácil para ele. Violino, violão ou sanfona, também seria fácil ensinar, com a ajuda de seu irmão e demais companheiros do grupo. Mas, o balet, como poderia oferecer isto à neta, visto que, naquela época, era muito mais difícil encaminhar as meninas para as escolas especializadas que cobravam altos preços por suas aulas. Só mesmo as famílias com grandes posses poderiam dar esta cultura para suas filhas ou netas.
Limitado em seus recursos, Seu Odílio passou a levar a neta aos espetáculos onde se apresentavam as bailarinas e a menina, atenta a tudo, logo aprendeu vários passos e, até, desenvolveu coreografias próprias. Apresentava, cheia de orgulho, o aprendizado ao avô querido que, junto com Dona Cândida, se encantavam a cada demonstração.
Assim, nos encontros familiares e festividades locais, satisfeitos e orgulhosos, mostravam suas pérolas para todos.
As meninas eram sempre muito aplaudidas e requisitadas para animar as tardes de domingo, em casa de familiares e amigos, nos deliciosos encontros para o chá.
Hoje, quando alguém se refere a perolas querem dizer sobre algum absurdo da linguagem ou sobre imagens esdrúxulas que os meios de comunicação mostram. Mas, antigamente, não. Quando alguém se referisse ou quisesse mostrar suas pérolas era, exatamente, mostrar seus valores.
Assim, Seu Odílio e Dona Cândida orgulhavam-se de sempre mostrar sua riqueza familiar... Suas netas, Sara e Sofia. Em primeiro lugar porque elas eram gêmeas o que, naquela época, nos idos de 1950, era novidade surgida na família e, em segundo lugar, pelos talentos que as meninas tinham. Seus pendores artísticos encantavam a todos.
Sofia tocava violino e Sara dançava. Ambas tinham um amor imenso pela música, mas, somente Sofia encantou-se pelo instrumento, depois de um sarau em casa de parentes, nas festas natalinas.
Seu Odílio tocava clarinete muito bem e, junto com seu irmão que tocava violino, eram sempre convidados a animar as festas pelas redondezas, acompanhados de mais dois colegas, no violão e na sanfona.
Foi amor à primeira vista, de Sofia pelo violino, o instrumento que achou bem engraçado, no início, pois parecia com o corpo de suas bonecas e ainda tinha de ser roçado por aquela vara comprida para emitir som. Mas, depois, passou a ser seu sonho de consumo e desejo maior em aprender a tocá-lo. Incentivada por seu avô Odílio, passou a tomar aulas com o tio violinista e, rápido, aprendeu a dominar o instrumento, surpreendendo a todos.
No Natal de 1950, além da música que animava a festa, apresentou-se, também, a Cidinha, uma parenta distante que havia retornado de viagem da França, onde tinha ido estudar, levada por um de seus tios, marinheiro de um transatlântico, ao ficar órfã. Ele a deixou em Paris, aos cuidados de uma de suas inúmeras amantes e esta cuidou da menina com tanto zelo e amor como se fosse sua mãe e a encaminhou para aulas de balet. Passados muitos anos, ao visitarem os familiares brasileiros, foram convidados a participarem das festividades e a menina Cidinha pode mostrar o que havia aprendido na Europa.
Sara se encantou. Não tirava os olhos da bailarina um minuto sequer. Nunca tinha visto algo tão belo. Passou a sonhar com a cena vista. Imaginava-se dançando como Cidinha. Obstinou-se em aprender, mesmo que sozinha, os passos complicados da dança. Para seu orgulhoso avô foi um desafio. Ensinar a tocar clarinete seria fácil para ele. Violino, violão ou sanfona, também seria fácil ensinar, com a ajuda de seu irmão e demais companheiros do grupo. Mas, o balet, como poderia oferecer isto à neta, visto que, naquela época, era muito mais difícil encaminhar as meninas para as escolas especializadas que cobravam altos preços por suas aulas. Só mesmo as famílias com grandes posses poderiam dar esta cultura para suas filhas ou netas.
Limitado em seus recursos, Seu Odílio passou a levar a neta aos espetáculos onde se apresentavam as bailarinas e a menina, atenta a tudo, logo aprendeu vários passos e, até, desenvolveu coreografias próprias. Apresentava, cheia de orgulho, o aprendizado ao avô querido que, junto com Dona Cândida, se encantavam a cada demonstração.
Assim, nos encontros familiares e festividades locais, satisfeitos e orgulhosos, mostravam suas pérolas para todos.
As meninas eram sempre muito aplaudidas e requisitadas para animar as tardes de domingo, em casa de familiares e amigos, nos deliciosos encontros para o chá.
9 comentários:
Realmente, as perolas de outrora eram mu,ito mais significaivas do que as da atualidade.
Hoje a banal,idade tomou conta e as perolas, conforme locução antiga, foram jogadas aos porcos...
Agora, levandio-se em conta perolas e netas eu posso me vangloriar. Um ano atrás eu tinha 5netos, hoje você me presenteou com mais quatro meninas maravilhosas, então, orgulhoso posso dizer que tenho 9 perolas ao todo.
Amor, se os dois varões que até agora defenderam com brdaveza as suas condições de solteirice desbravada resolverem desembestar a cxriar prole, quantas perolas ainda teremos?
Sônia,
Olá, tudo bem? Vim agradecer o carinho no dia das mães( quanto tempo eu sumi, né?)
Hoje anda tudo muito banalizado, né? É uma pena... tanta coisa bacana desvalorizada enquanto tanta coisa sem valor algum sendo aplaudida.
Espero vc lá no ponto.
Beijos meus!
Ká
Doces e ternos tempos, onde os valores eram tão diferentes dos de nossos dias...
Narrativa impecável como sempre, Soninha, parabéns!
Ótima semana, beijos
Soninha queridééééééérrima amiga!!
Confesso: sempre recebo muito bem "as pérolas"...
Sejam raridades,
contos,
colares,
ou aquela nossa velha e sempre presente distração:
"não dê pérolas aos porcos", principalmente em tempos de H1N1 (rsrsrsrs).
Sou fã de valores familiares,
sou fã de todos os sentimentos bons
e
sobretudo do ensinamentos
que o tempo guarda...
Lindo, profundo, meigo e cheio de carinho!
Deixo um beijãozinho e aquele abração apertadinho!!
Oi Soninha.
Pérola, no sentido de outrora, é também este texto singelo, meigo como disse a A. Lucia, que nos remete a um tempo onde os valores familiares eram bem definidos, a vida mais simples e os sentimentos mais nobres. Deu vontade de entrar em uma máquina no tempo e viajar para o passado.
Um beijo.
Soninha,
assim como disse o Jens, eu também sentí vontade de entrar numa máquina do tempo e voltar aos bons tempos onde pérolas eram pérolas mesmo, ou como bem diz o seu belo texto, as "riquezas" de uma família.
Muito belo o texto, gostei de seu blog e gostaria de saber se poderiamos ser parceiros em nossos blogs se sim, deixe seu recado com seus dados em meu mural. Te aguardo.
Sucesso
Abraços forte
Soninha!
Um texto: uma pérola.
Melancolia de tempos idos.
Linda escritora, tenha um bom final de semana.
Beijo
Soninha:
que bom que você leu o meu último texto lá na Toca sem preconceito e sem necessidade de detectar no mesmo uma mensagem subliminar com significados ocultos e profundos. Você achou engraçado e atual. Esta era a minha idéia inicial. Parece que é complicado ser simples, né?
Um beijo. Gosto muito de você e torço bastante por ti e pelo camarada Miguel.
Postar um comentário