Já era final de tarde quando tocou a campainha. A recepcionista atendeu e mal teve tempo de perguntar no que poderia ajudar, quando foi empurrada por aquele homem indignado e que esbravejava pela sala.
Ele queria falar com nosso diretor, a qualquer custo, desfiando um rosário de impropérios, em alto e bom som, fazendo com que os outros funcionários saíssem de suas salas, buscando explicação para tamanho furdunço.
Dizia-se injustiçado pela cobrança indevida de juros, multas e outras taxas sobre débitos de condomínio tendo, inclusive, que suportar custas processuais em suposta ação judicial de cobrança no Fórum local.
Por mais que a recepcionista tentasse acalmá-lo, o homem urrava o nome de nosso diretor e advogado da causa condominial.
Fui convocada, pela maioria de meus colegas e por minha fama de conciliadora, a falar com o condômino enfurecido.
Explicava-lhe a razão da ação e que se tratava de seguimento da cobrança, por força de contrato como prestadores de serviço e assessoria jurídica aos Condomínios, nossos clientes. Salientei que tudo poderia ser resolvido com calma, bastando ele me acompanhar até minha sala, onde poderíamos falar a respeito e verificar a possibilidade de acordo de parcelamento ou, até, quitação dos débitos, de forma amigável e discernida. Mas, ele estava transtornado, a ponto de não compreender uma palavra sequer daquilo que eu falava. Empurrou-me a fim de entrar pelos corredores e alcançar a sala de nosso diretor. Eu pedia-lhe calma e avisei que poderíamos chamar reforço policial, caso ele insistisse naquela atitude. O homem não ouvia nada, nem ninguém. Foi entrando, rompendo barreiras humanas. A recepcionista chorava juntamente com a estagiária, impotentes diante de tão deprimente quadro.
Nosso jardineiro, que plantava novas mudas em nosso jardim, vendo a situação pela janela, veio em nosso socorro, com uma enorme tesoura de poda nas mãos, investia contra o pseudodevedor irado. Tivemos de segurar suas mãos para que ele não cometesse este ato de violência que só pioraria a situação.
A legião de funcionários seguia o homem que, aos brados, finalmente entrou na sala de nosso diretor. Óbvio que, nesta altura da contenda, o advogado se colocou em posição defensiva e partiu para briga. Vendo que iria tomar uns belos sopapos o homem estancou, pálido, feito cera. E nós, ao mesmo que ríamos, tentávamos falar que tudo não passara de uma “pegadinha”, estas brincadeiras feitas por atores contratados.
Nesta época, minha irmã era casada com o advogado e diretor da empresa em que trabalho e, brincalhona de plantão, resolveu aprontar com o marido, pregando-lhe esta brincadeira, em comemoração ao seu aniversário. Eu já sabia de tudo e participei da encenação. Mas, confesso, foi um sufoco. Controlar a ira de nosso diretor quando se viu acuado e ameaçado por aquele homem furioso.Depois de muitas risadas, tapinhas nas costas e pedidos de desculpas, cantamos a tradicional canção do “Parabéns a você” e degustamos um delicioso pedaço de bolo.
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8 comentários:
Mas que brincadeira salutar, cara Sônia, que homenagem alviçareira! Eu mesmo providenciaria jogar o bolo na cara de vocês, em retriubuição a tanto carinho... Rs. Abração! Muito engraçado!
Soninha,
a crônica, como sempre, está muito bem escrita, mas a situação é terrível. Se fizessem isso comigo, a esposa ficaria sem marido, a cunhada sem cunhado e os demais funcionários que tivessem participado da encenação, sem emprego...
Pegadinha!!! Risos.
Beijos.
Putz, Soninha, isto não se faz. Se é comigo, ia sobrar mesa e cadeiraços (eita bagual, tchê!).
Concordo com o Zeca: muito bem escrito o relato. Tanto que eu também cai na pegadinha - só respirei aliviado no final.
Um beijo.
Amor, se a ideia da pegadinha foi sua ou dew sua irmã (mionha adorada Cu) eu nem quero saber. Sei apenas que não pretendo passar por situação semelhante no dia de comemoração do meu natalício.
Sou um homem em idade fatal e um susto desse naipe poderia me levar, antecipadamente, para a terra dos p[és juntos.
Decididamenyte, TÔ FORA!
Cá prá nos, o gajo foi bastante convincente e o relato está prá lá de bem feito.
Caramba, Soninha,
pelos comentários anteriores, dá para sentir o que o pobre homem passou. O melhor da história é que tudo acaba bem quando se tem brincadeira, bom humor e jogo de cintura.
Um abraço
Maninha
Esta muito hilário seu texto, pois nao foi bem assim, vc caprichou no exagero, mas que foi bem legal minha idéia, foi rsss
O melhor vc nao narrou a cara do diretor rss
Valeu a lembrança Mana
Bjao no coração
Soninha, tem um selo pra ti lá no blog, com muito carinho.
Beijos :)
Comadre e querida amiga,
vim aqui devagarito te deixar um beijo, e dizer que morro de saudades, e acabei me divertindo muito.
Adoro seu jeito lépido e faceiro de escrever. Ô Claudinha, bem que a carinha de sapeca dela, demonstra que ela é pra lá de brincalhona. Diz que eu lhe deixei um beijo.
Um outro pra vc, bem apertadinho! Tava morrendo de saudades.
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