segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Meu filho no concurso




Olá, amigos!
Meu filho está participando de um concurso de publicidade. Está concorrendo com seis trabalhos.
O prêmio, R$ 5 mil reais, um verdadeiro estímulo para os jvens publicitários.
Peço a todos, acessarem o site e votarem nos trabalhos dele, por favor.
Para votar é preciso se cadastrar no site http://www.imprimaseuestilo.com.br/ na aba "ainda não tem cadastro?
Você receberá um e-mail de confirmação. Basta acessar o link e fazer o login. Depois, clicar na aba VOTE. Abrirá a página com as obras.
Para votar é só clicar nas 5 estrelas que tem abaixo de cada peça!
Podem votar em quantas obras quiser. Meu filhão tem seis obras e podem votar em todas.
Uh huuuuuu! Ele está como Vicente82, ok?!
Desde já, agradeço imensamente pela força.
Se ele ganhar, faremos um churrasco em comemoração e todos estão convidados, ok?!
Valeu, amigos!
Muita paz a todos. Beijossssssssss

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Relacionamento

Bacana quando se abre oportunidade para curtir bons momentos a dois. Fazer programas interessantes, divertidos, descontraídos e que ambos gostem é muito bom. E, se pintar o clima para o sexo, deixar rolar, claro.
Digo isto porque, outro dia, entre colegas da empresa, surgiu o assunto e uma delas estava bastante chateada com a sua situação conjugal. Dizia ela que precisava aquecer o relacionamento.
Difícil, Sim, porque, para estas coisas, não existem fórmulas mágicas e estas questões costumam incomodar muita gente, em especial quem vive relacionamentos mais longos.
Mas, podemos dar asas à imaginação, porém, entendo que cada pessoa precisa descobrir o caminho e investigar como anda sua própria vida. Quem está ao nosso lado também precisa de tudo isto.
Agenda lotada, compromissos de trabalho, família, cobranças, cansaço acabam deixando o lazer e o prazer cada vez mais reduzidos. Hora de abrir espaço, não é mesmo?!
Vontade de fazer sexo não funciona muito bem com hora marcada e obrigações. Tem que ser assim; tem que ser assado; tem de ser domingo; tem de ser de manhã; tem de ser isso; tem de ser aquilo...Assim não dá!
O encontro sexual envolve muito mais do que a prática do sexo. Principalmente para os mais maduros. Precisamos do “clima”, dentro ou fora da cama. Precisamos de erotismo, sem atitudes que pareçam ridículas. Precisamos de carinho, mas sem a conotação de carência. Precisamos de verdades, sem cobranças, sem mágoas, sem ressentimentos. Precisamos de paz, sem apelar por guerras antigas. Precisamos olhar para a relação como um todo, aparar arestas e sem previsões funestas.
Não podemos exigir do outro o que ele não pode dar, mas, podemos exemplificar para podermos ensinar, sem ferir.
Quanto às fantasias...bem, isso é com cada um, pois cada um sabe o que lhe deixa mais confortável e até onde vai seu limite.
No mais, vamos curtir e nos divertir, com muito amor e paz.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Chegamos lá

No início, pareceu-me algo tão distante. Mas, aos poucos, até aceitei a idéia de que tudo poderia se tornar realidade.
Participei porque achei a idéia muito boa. Escrever sobre a razão de participar de um encontro nacional, da grandeza como é o que o Betho está promovendo. Jamais eu poderia imaginar que meu texto pudesse ser escolhido. Mas, foi.
É. Chegamos lá.
Que alegria saber que, em breve, poderei abraçar amigos queridos, olhar em seus olhos, ouvir suas vozes.
Compartilhar momentos de alegria, ver as obras da Beti Timm, comprar o livro da Euza, autografado...uh huuuuuuuu
Quero que todos os amigos blogueiros estejam lá também. A alegria será maior se pudermos multiplicar abraços e inundar São Francisco do Sul com nossa vibração alegre, encher aquela cidade linda com nosso entusiasmo, acordar a todos com nossa canção de amizade e nosso barulho de risada.
O Betho fez o convite e preparou tudo para nos receber. Receber os blogueiros dos quatro cantos do Brasil e de fora dele. E nós, reforçamos este convite.
Participem também. Venham todos.
Todas as coordenadas estão nos site do Betho.
http://bethosides.blogspot.com
Parabéns a Miguel do http://prosaversochammas.blogspot.com pelo primeiro lugar, merecido.
São Francisco do Sul estará ainda mais bonita com todos os blogueiros lá e com a alegria contagiante de todos nós.
Até lá, amigos.
Muita paz! Beijossssssssss

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Pessoas Especiais

Dias destes fiquei a pensar sobre as pessoas que, de uma maneira ou de outra, influenciaram em minha vida, tornando-me mais humana, me ajudando a crescer.
Obviamente lembrei de meus pais. A abnegação e carinho com que eles nos educaram, diante de tantas dificuldades enfrentadas por eles.
Fiquei feliz por lembrar, também, de muitas outras pessoas. Meus avós maternos, sempre presentes em nossas vidas, com aconselhamentos e incentivos.
O pensamento percorreu os caminhos de meu passado e pude recordar de meus professores queridos. Especialmente os primeiros. A primeira professora, que me ensinou a escrever e a ler. Eu era muito tímida e ela me incentivava e me direcionava para que eu pudesse ler em voz alta e não me intimidar diante dos colegas.
Outros mestres foram importantes. Como verdadeiros déspotas, no meu entendimento infantil, fizeram eu enxergar a vida de uma maneira diferente, indicando-me que a vida é entremeada de coisas boas e ruins.
Meu mestre que vibrava com minhas redações e elogiava minha caligrafia bonita. Ele primeiro e, depois, outra professora de português dos tempos de colégio, me influenciaram muito a escrever. Eram minha torcida uniformizada. Vibravam com minhas redações e meus trabalhos escolares.
Minha timidez desaparecia quando meus instrumentos eram a caneta e o papel. Minha voz falava alto, através de meus textos. Estes me proporcionaram algumas premiações e diplomas.
Apesar de ter seguido outros caminhos, todos os meus mestres me ensinaram muito...Desde as matérias elementares até a matemática da vida, onde somar, multiplicar, subtrair e dividir, na medida certa, sempre nos dão o melhor.
Quando sabemos aproveitar todas as lições que a vida nos oferta, podemos recolher excelentes resultados.
Lembrei-me, também, dos amigos que passaram por minha vida. Muitos deles me fizeram igualmente crescer, pela troca de experiências, pelos conselhos, pelas verdades expostas, pelas mãos estendidas e pelo coração aberto.
Amigas muito amadas ainda estão me ajudando nesta caminhada, com sua presença maravilhosa e indispensável.
Entre as pessoas que fui recordando, lembrei-me de irmãos. Sempre tem aquele que é especial. Minha irmã caçula, hoje, é minha melhor amiga. Juntas, tivemos muitos aprendizados.
Com meus filhos foram aprendizados especiais. Tornei-me verdadeiramente humana ao lado deles...Além de mãe fui e sou eterna aprendiz, pois, com eles, tem continuidade...Sempre!
Que alegria saber que minha lista é grande. Já no outono da vida, ainda posso aprender com as crianças. As netas que já são presentes e que muito me ensinam. De professora passo a aluna. É a conseqüência da vida.
Ainda tenho muitas lições a assimilar. Tem alguém especial dividindo comigo o presente para, juntos, construirmos o futuro.
Quanto mais amadurecemos, mais responsáveis ficamos e mais lições teremos de aprender. O aprendizado é constante e, como disse Einstein “a mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original”.
Concluo que todos foram especiais, fazendo-me especial, pelo muito que aprendi e por tudo quanto ainda terei de aprender.
Essa é minha proposta e quero alcançar este alvo.

Muita paz!


terça-feira, 13 de outubro de 2009

"causos" de fogueira



Que barulho é este? Veio daquele lado. Perguntando e respondendo, ao mesmo tempo.
Todos olharam na mesma direção, olhos arregalados e enigmáticos. O medo pairado no ar.
Tem bambuzal logo ali, portanto, tem saci. Foi ele quem fez o barulho. Peralta demais e disposto a promover uma bagunça daquelas. Foi o saci.
Todos se juntaram ainda mais, protegendo-se mutuamente. A conversa ia solta, ao redor da imensa fogueira no enorme quintal da casa de nossa bisa, a Vovó Ana, no interior de São Paulo. Nas noites frias e com céu estrelado daquele Julho longínquo, depois do banho tomado e ainda sentindo o sabor delicioso do jantar preparado no fogão a lenha, sentávamos ao redor da fogueira para ouvirmos os “causos” engraçados e os relatos fantasmagóricos de todos os participantes. Cada um tinha uma história pra contar e, cada uma delas, era mais aterrorizante que a outra.
Por mais que teimávamos em cantar as canções da época e as mais antigas, a conversa sempre convergia para o sobrenatural.
O vento colaborava fazendo farfalhar as folhas e galhos das árvores, provocando arrepios variados, de frio e de medo. O trepidar das chamas da fogueira fazia imaginarmos um sem números de imagens, exageradas pela nossa imaginação.
À noite a história é sempre diferente.
Novo barulho e mais forte fez alguns de nós gritar junto com muitas gargalhadas dos mais velhos. Eles adoravam assustar a criançada e as primas, vindas da cidade grande, acostumadas com outros estereótipos de monstros e fantasmas.
Os meninos mais velhos faziam questão de cenografar a história e, previamente, até colocavam manchas de sangue feitas com os famosos molhos de tomate e o caldo da beterraba. Sempre depois de nós que já estávamos sentados ao redor da fogueira, se aproximavam aos gritos, mostrando o falso ferimento, dizendo terem sido atacados pelo lobisomem ou pelo Zé bicudo do velho casarão da estradinha.
Depois de serem socorridos e fartos de verem nossa cara assustada com lágrimas de dó e medo, eles caiam na risada sem o menor escrúpulo. É certo que também levavam uns bons petelecos da bisa, mas, nada era capaz de tiravar-lhes o prazer de ver a cara de todos.
Quando as chamas da fogueira já se recolhiam ao descanso, deixando brasas maravilhosas e convidativas para assar batatas, Vovó Ana nos alertava que já era hora de dormir. Fazia-nos tomar outro banho para tirar o cheiro da fumaça e mangava dos pequenos para não fazerem xixi na cama.
Sinto saudade daqueles velhos tempos de férias escolares quando podíamos passar o mês todo em casa de cada uma das tias que moravam no interior.
Velhos tempos, belos dias.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Porque para mim é importante participar do 1º Encontro Nacional de Blogueiros

Ouvia ruídos...Eram risadas e restos de conversa. Tentei aguçar a audição para perceber melhor. Segui em direção àquele som. Entrei por aquela porta que se abria diante de mim, como se fosse a única opção.
- Olá! Gritei, em alto e bom som. Tem alguém aí?
Não houve resposta. Apenas o som, ao longe, de risos animados.
Algo me convidava a seguir por aqueles corredores imensos, com alguns trechos iluminados e outros obscuros. Havia, também, muitas portas. E eu tinha vontade de abri-las todas. Porém, eu não poderia parar ali por muito tempo. Eu tinha que descobrir de onde vinha aquele som e quem eram aquelas pessoas que conversavam tão animadamente e estavam tão felizes.
Assim, prossegui naquele caminho, batendo levemente em todas as portas e dizendo olá. De cada uma delas eu recebia um oi, em resposta ao meu. Mas, eu não via seus rostos. Estes ainda eram enigmas para mim.
Num determinado momento, uma grande porta se abriu diante de mim e um clarão muito forte contraiu minha retina. Quando, num esforço gigante para identificar o que estava em minha frente, acordei com a fresta de sol que entrava por minha janela, vencendo as cortinas.
Havia acordado de um sonho que, a meu ver, era premonitório. Eu havia lido, na noite anterior, sobre o 1º Encontro Nacional de Blogueiros, em São Francisco do Sul – SC que irá acontecer em Dezembro próximo e compreendi que seria interessante participar para conhecer estes amigos, virtuais e queridos. Associei aquele corredor imenso do sonho com os corredores internáuticos do mundo blogueiro, repleto de portas que imaginei fossem os blogs incontáveis que temos a chance de visitar e que, nem sempre, visitamos.
Em quantos deles apenas passamos rapidamente o olhar e enviamos nosso “olá” e quantas vezes só recebemos, igualmente, o “oi” em resposta?
Inúmeros blogs são nossos favoritos, os quais visitamos semanalmente e são incontáveis, também, as histórias, contos, narrações, crônicas, poesias, poemas com os quais nos identificamos e interagimos, através dos comentários que são imprescindíveis neste contexto.
Penso que, por tudo isto e muito mais, será importante participar deste encontro, transformando este meu sonho em realidade e estreitando, ainda mais, os encantadores laços de amizade, iniciados nos blogs, vendo estes rostos e ouvindo suas vozes. Trocando abraços e conversando muito.
Esta é a chance. Quero abraçá-la.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

ET existe?

Era Novembro de 1984, fim de tarde, Rodovia Anchieta, indo de São Bernardo do Campo para São Paulo, viagem de 20 ou 30 minutos. De repente, o motor parou de funcionar. Parei no acostamento da rodovia. Insisti em nova partida de motor. Nada. Fiquei apreensiva, afinal, tinha aos meus cuidados duas senhoras idosas, uma pessoa com necessidades especiais e duas crianças. Minha avó, sua filha altista, a irmã de minha avó, igualmente idosa e meus dois filhos pequenos.
Várias tentativas para fazer o carro funcionar e todas frustradas.
Naquela ocasião não dispúnhamos de telefone celular que só surgiu no Brasil em 1990. O jeito foi caminhar até um dos telefones SOS, espalhados pela rodovia e torcer para que estivessem funcionando.
Deixei meus tutelados fechados no carro com inúmeras recomendações às crianças e às idosas e lá fui eu. Alcanço um telefone e comunico a pane. Sem experiência neste problema, fui respondendo às perguntas do atendente da DERSA, concessionária que administrava a Anchieta na época. Ele chegou à conclusão que poderia ser falta de combustível e que, para este problema, ele não poderia enviar o socorro, só podendo ligar para algum contato que eu deveria indicar. Por mais que eu dissesse que havia abastecido o veículo naquela tarde e que não seria falta de combustível, negaram-me ajuda. Passei o número de telefone para o qual ele avisaria e desliguei, já meio desesperada. Volto até o veículo e comunico para minha avó o ocorrido e saio em busca de combustível. Caminhei muito até encontrar um auto posto e comprei o combustível para ser colocado no automóvel, somente para acalmar a consciência. Obviamente o problema não era falta de gasolina e, mesmo com insistência na partida, o motor não funcionou. Tentei empurrar o carro para fazê-lo “pegar no tranco”, mas, sem sucesso. Enquanto eu tentava de tudo, os pseudos atletas que fazem corridas à margem da rodovia, passavam de largo, esquivando-se e ninguém pode nos ajudar efetivamente.
Já anoitecia e as crianças reclamavam de fome, as senhoras idosas queriam utilizar o banheiro e meu desespero crescia ao ver-me impotente diante daquela situação.
Fiz vários sinais, pedindo ajuda para os outros carros que passavam em alta velocidade e não paravam. Até ajoelhei e, mesmo assim, ninguém parou para ajudar.
Eu decidi voltar ao telefone SOS e relatar sobre o problema que persistia. Novas recomendações para todos ficarem fechados no carro, em segurança, pois logo eu voltaria. Todos estávamos expostos ao perigo ali.
Saio em direção ao telefone que estava funcionando, que ficava a dois km dali, aproximadamente, rezando e já chorando. Nos primeiros metros de caminhada, percebo que vem em minha direção um homem caminhando lentamente. Vestia um sobretudo preto e também usava chapéu, igualmente preto. Tinha as mãos nos bolsos. Passei por ele rezando para todos os santos que eu consegui me lembrar e segui. Porém, lembrei-me dos meus lá no carro e o homem seguia naquela direção. Voltei imediatamente, a passos largos, coração aos pulos e respiração ofegante. Temia por assalto e por inúmeras outras crueldades que alguém poderia cometer contra pessoas tão indefesas e vulneráveis feitos nós, ali naquele local. Vi que o homem passou ao lado do carro e seguiu, Consegui alcançar o carro e entrei fechando tudo. Olho pelo espelho retrovisor e vejo o homem voltando.
Nossa. Como senti medo naquela hora. Mas, nada mais poderíamos fazer. O homem se aproximou de minha janela e perguntou o que estava havendo. Desci meio vidro e contei. Ele me disse que eu não poderia ficar parada ali, pois que de madrugada passaria um comboio de caminhões, vindos do litoral sul em direção a São Paulo levando equipamentos poderosos para uma grande indústria. Ele estava monitorando as condições da rodovia e informava à companhia de hora em hora. Contei sobre todas as tentativas para o carro funcionar e, também, sobre ninguém parar para nos ajudar e que estava aguardando o marido vir em nossa ajuda. Foi quando ele disse que me ajudaria. Animada, desci do carro. Tentei chegar mais perto do homem e ele se afastava. Somente disse para eu continuar dentro do carro que ele buscaria ajuda. Vi que ele foi depressa para a pista marginal e, praticamente, se atirou sobre uma caminhonete da DERSA que parou rapidamente, atravessou o canteiro e veio até nós. Expliquei o que havia acontecido e o condutor deu uma carga de bateria, mas, nada adiantou. Examinou mais atentamente e verificou que havia quebrado a correia dentada. Pediu-me calma e paciência, pois ele solicitaria, via rádio, um guincho para nos rebocar. Aliviada voltei-me para agradecer ao homem de preto pela ajuda, mas, cadê? Ele havia desaparecido. Tratei de acalmar meu tutelados e aguardamos a chegada do guincho. Meu filhinho dormiu recostado no ombro da irmãzinha e nem viu quando o socorro veio nos rebocar. Fomos levados até o posto da DERSA mais próximo de SP onde havia pátio para guardar o carro. No interior da unidade também tinha sanitários para alívio das senhoras e, também, água fresca para todos nós. Eu tratei de ligar para o marido que já estava vindo ao nosso encontro com o outro carro para nos buscar. Enquanto eu esperava, fiquei conversando com o policial rodoviário que fazia plantão no local e contei sobre o ocorrido e comentei sobre a ajuda do monitor de rodovia e sobre o comboio. O policial me informou que não estava programado nenhum comboio vindo do litoral e que não tinha nenhum monitor ao longo da estrada. Descrevi o rapaz e o policial alegou jamais ter visto alguém nestas características circulando pela rodovia. Admirada, exclamei que foi ele quem buscou ajuda parando a caminhonete da DERSA, mas o policial retrucou dizendo que o funcionário da DERSA parou por ter visto meu carro no acostamento. Perguntou-me se eu tinha certeza daquilo, fazendo uma cara de dúvida sobre minha sanidade mental. Odiei isso.
Já passava das 22 horas quando meu marido chegou e nos levou para casa de minha avó, todos sãos e salvos. Só no dia seguinte tivemos condições de buscar o carro quebrado, junto com um mecânico de nossa confiança.
Por muito tempo fiquei pensando sobre o anjo de preto que nos ajudou e chego à conclusão que poderia ter sido um ET bondoso e disposto a ajudar.


quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Chapeuzinho Vermelho

Bracinhos cruzados e meio metro de bico. A carinha mais linda do mundo, cabelos eriçados, olhar no meu.
Esperou o tempo todo, mas, suas pernas não paravam de andar no mesmo lugar, com suas botas ortopédicas que lhe definiam a musculatura ainda mais.
Bastantes vezes gritava o nome da irmã e aplaudia muito. Repetia as falas, melhor que os pequenos atores, por tantas vezes assistir aos ensaios, na escola ou em nossa casa. Ao longo do tempo que ocorreram os ensaios, foi lobo mau, chapeuzinho vermelho, caçador e vovó, pois ajudava a irmã, passando as falas com ela, pacientemente. Parecia que ele iria se apresentar, tamanha a concentração e seriedade durante os ensaios.
Pequenino, com seus 3 anos de idade, lembrava a irmã sobre os deveres escolares e sobre o horário do ensaio. Ele adorava. Participou de cada detalhe de montagem da personagem. A irmã seria a vovozinha na peça “Chapeuzinho Vermelho”, no encerramento das aulas daquele ano de 1985, quando ela terminaria a 2ª série do ensino fundamental. Os dois se emprenharam e me ajudaram na escolha da roupa que fiz para a vovó, o chinelinho que adaptei, os óculos antigos emprestados de minha mãe, o xale, a maquiagem que improvisei, até nos cabelos que os tingi de branco, usando gel para cabelo e talco. A caracterização ficou excelente. A professora elogiou muito.
Ele não cabia em si de orgulho da irmã. Por isso, queria ir lá, atuar com ela, falar a peça toda, interpretar todos os personagens. Enquanto eu tirava as fotos, tive de segurá-lo bastante e explicar-lhe que, naquele momento, éramos expectadores e não mais atores, coreógrafos, cenógrafos e figurinistas. Naquela hora, éramos mãe e irmão, assistindo nossa pequena atriz em sua performance. Depois, sim. Poderíamos abraçá-la, beijá-la e entregar-lhe o presente que ele fez questão de escolher e comprar para darmos a ela. Ele, seu maior fã.
Por isso, até segunda ordem, os bracinhos cruzados, a boca em forma de bico e as perninhas irriquietas, doidas para correr em direção à irmã e festejar com ela.
Ao final, muitos aplausos e a corrida até a irmãzinha num abraço maravilhoso. Ainda fez questão de tirar foto com toda a equipe de pequenos atores e com a professora.
Jamais esquecerei cenas tão doces da infância de meus filhos.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Pegadinha

Já era final de tarde quando tocou a campainha. A recepcionista atendeu e mal teve tempo de perguntar no que poderia ajudar, quando foi empurrada por aquele homem indignado e que esbravejava pela sala.
Ele queria falar com nosso diretor, a qualquer custo, desfiando um rosário de impropérios, em alto e bom som, fazendo com que os outros funcionários saíssem de suas salas, buscando explicação para tamanho furdunço.
Dizia-se injustiçado pela cobrança indevida de juros, multas e outras taxas sobre débitos de condomínio tendo, inclusive, que suportar custas processuais em suposta ação judicial de cobrança no Fórum local.
Por mais que a recepcionista tentasse acalmá-lo, o homem urrava o nome de nosso diretor e advogado da causa condominial.
Fui convocada, pela maioria de meus colegas e por minha fama de conciliadora, a falar com o condômino enfurecido.
Explicava-lhe a razão da ação e que se tratava de seguimento da cobrança, por força de contrato como prestadores de serviço e assessoria jurídica aos Condomínios, nossos clientes. Salientei que tudo poderia ser resolvido com calma, bastando ele me acompanhar até minha sala, onde poderíamos falar a respeito e verificar a possibilidade de acordo de parcelamento ou, até, quitação dos débitos, de forma amigável e discernida. Mas, ele estava transtornado, a ponto de não compreender uma palavra sequer daquilo que eu falava. Empurrou-me a fim de entrar pelos corredores e alcançar a sala de nosso diretor. Eu pedia-lhe calma e avisei que poderíamos chamar reforço policial, caso ele insistisse naquela atitude. O homem não ouvia nada, nem ninguém. Foi entrando, rompendo barreiras humanas. A recepcionista chorava juntamente com a estagiária, impotentes diante de tão deprimente quadro.
Nosso jardineiro, que plantava novas mudas em nosso jardim, vendo a situação pela janela, veio em nosso socorro, com uma enorme tesoura de poda nas mãos, investia contra o pseudodevedor irado. Tivemos de segurar suas mãos para que ele não cometesse este ato de violência que só pioraria a situação.
A legião de funcionários seguia o homem que, aos brados, finalmente entrou na sala de nosso diretor. Óbvio que, nesta altura da contenda, o advogado se colocou em posição defensiva e partiu para briga. Vendo que iria tomar uns belos sopapos o homem estancou, pálido, feito cera. E nós, ao mesmo que ríamos, tentávamos falar que tudo não passara de uma “pegadinha”, estas brincadeiras feitas por atores contratados.
Nesta época, minha irmã era casada com o advogado e diretor da empresa em que trabalho e, brincalhona de plantão, resolveu aprontar com o marido, pregando-lhe esta brincadeira, em comemoração ao seu aniversário. Eu já sabia de tudo e participei da encenação. Mas, confesso, foi um sufoco. Controlar a ira de nosso diretor quando se viu acuado e ameaçado por aquele homem furioso.Depois de muitas risadas, tapinhas nas costas e pedidos de desculpas, cantamos a tradicional canção do “Parabéns a você” e degustamos um delicioso pedaço de bolo.

domingo, 16 de agosto de 2009

As pérolas

O gosto do “seu” Odílio e de dona Cândida num encontro com familiares ou amigos era apresentar, cheios de orgulho, as pérolas da família.
Hoje, quando alguém se refere a perolas querem dizer sobre algum absurdo da linguagem ou sobre imagens esdrúxulas que os meios de comunicação mostram. Mas, antigamente, não. Quando alguém se referisse ou quisesse mostrar suas pérolas era, exatamente, mostrar seus valores.
Assim, Seu Odílio e Dona Cândida orgulhavam-se de sempre mostrar sua riqueza familiar... Suas netas, Sara e Sofia. Em primeiro lugar porque elas eram gêmeas o que, naquela época, nos idos de 1950, era novidade surgida na família e, em segundo lugar, pelos talentos que as meninas tinham. Seus pendores artísticos encantavam a todos.
Sofia tocava violino e Sara dançava. Ambas tinham um amor imenso pela música, mas, somente Sofia encantou-se pelo instrumento, depois de um sarau em casa de parentes, nas festas natalinas.
Seu Odílio tocava clarinete muito bem e, junto com seu irmão que tocava violino, eram sempre convidados a animar as festas pelas redondezas, acompanhados de mais dois colegas, no violão e na sanfona.
Foi amor à primeira vista, de Sofia pelo violino, o instrumento que achou bem engraçado, no início, pois parecia com o corpo de suas bonecas e ainda tinha de ser roçado por aquela vara comprida para emitir som. Mas, depois, passou a ser seu sonho de consumo e desejo maior em aprender a tocá-lo. Incentivada por seu avô Odílio, passou a tomar aulas com o tio violinista e, rápido, aprendeu a dominar o instrumento, surpreendendo a todos.
No Natal de 1950, além da música que animava a festa, apresentou-se, também, a Cidinha, uma parenta distante que havia retornado de viagem da França, onde tinha ido estudar, levada por um de seus tios, marinheiro de um transatlântico, ao ficar órfã. Ele a deixou em Paris, aos cuidados de uma de suas inúmeras amantes e esta cuidou da menina com tanto zelo e amor como se fosse sua mãe e a encaminhou para aulas de balet. Passados muitos anos, ao visitarem os familiares brasileiros, foram convidados a participarem das festividades e a menina Cidinha pode mostrar o que havia aprendido na Europa.
Sara se encantou. Não tirava os olhos da bailarina um minuto sequer. Nunca tinha visto algo tão belo. Passou a sonhar com a cena vista. Imaginava-se dançando como Cidinha. Obstinou-se em aprender, mesmo que sozinha, os passos complicados da dança. Para seu orgulhoso avô foi um desafio. Ensinar a tocar clarinete seria fácil para ele. Violino, violão ou sanfona, também seria fácil ensinar, com a ajuda de seu irmão e demais companheiros do grupo. Mas, o balet, como poderia oferecer isto à neta, visto que, naquela época, era muito mais difícil encaminhar as meninas para as escolas especializadas que cobravam altos preços por suas aulas. Só mesmo as famílias com grandes posses poderiam dar esta cultura para suas filhas ou netas.
Limitado em seus recursos, Seu Odílio passou a levar a neta aos espetáculos onde se apresentavam as bailarinas e a menina, atenta a tudo, logo aprendeu vários passos e, até, desenvolveu coreografias próprias. Apresentava, cheia de orgulho, o aprendizado ao avô querido que, junto com Dona Cândida, se encantavam a cada demonstração.
Assim, nos encontros familiares e festividades locais, satisfeitos e orgulhosos, mostravam suas pérolas para todos.
As meninas eram sempre muito aplaudidas e requisitadas para animar as tardes de domingo, em casa de familiares e amigos, nos deliciosos encontros para o chá.