Deus me livre de ficar pensando em gripe suína, resfriados e outras preocupações inerentes à baixas temperaturas.
A lembrança tem razões que a própria razão desconhece. Com o friozinho que tem feito, me pego em flagrantes recordações. Aliás, agradáveis recordações, eu diria.
Quando tenho oportunidade de ficar em casa, naquela deliciosa folga, trato logo de buscar a paz, através de atividades que este clima convida. Enfio meus pezinhos em minhas pantufas macias e quentinhas (da Minie, que minha irmã me trouxe da Disney), me acomodo numa poltrona bem confortável, na companhia de meu bom e velho amigo (o livro). Outras vezes, sob o edredon, assistindo filmes, com um “balde” de pipocas ao lado, é claro. Em outras, sofistico mais e apelo para os fondues maravilhosos, degustados com aquele vinho especial. Aí, não tem jeito. Logo me vem à lembrança algumas viagens aventureiras, pelos cafundós do Brasil.
Já era meio da tarde e o frio estava de congelar os ossos quando chegamos em Crisólia, subdistrito de Ouro Fino, em MG, onde iríamos passar alguns dias de férias, numa chácara ao pé da Serra da Mantiqueira. Passamos pelo mercadinho para levarmos algumas provisões e perguntamos se havia algum restaurante na cidade, onde pudéssemos comer alguma coisa. O comerciante nos indicou o local e lá fomos nós. Chegamos e já ficamos desconfiados, quase a ponto de darmos meia volta e nunca mais voltarmos lá. O local era de péssima aparência, à beira do riozinho. Tinha uma casa velha, de madeira, parecendo abandonada de tão feia, com um puxado de telhas à frente onde abrigava uma mesa longa, feita de tronco, rodeada de bancos rústicos, feitos igualmente de troncos de árvores. Num barquinho velho, ancorado à margem do rio, avistamos aquele homem, de aparência envelhecida, que teimava em consertar velha rede de pesca. Ao ouvir o ronco do motor de nosso carro, olhou-nos com largo sorriso falhado. Gritou o nome da mulher que nos recebeu com um ritmado boa tarde, à moda mineira. Por mim, eu teria voltado dali mesmo, mas, meu amado pai, conhecedor destes cantinhos curiosos, conseguiu nos convencer a ficar. Perguntamos pela comida e logo a senhora se pôs a arranjar a mesa, trazendo pratos e talheres que colocou sobre uma toalha hiper limpinha. O frio era intenso e meu pai foi logo perguntando se tinha uma boa cachaça para descongelar os ossos e aquecer a alma. Para nós, mulheres, o que nos salvaria seria uma boa terrina de sopa bem quente. O casal nos sorriu e pediu-nos para nos acomodar à mesa.
De um tonelzinho velho, colocou num copo simples um líquido dourado, perfumado e doce e entregou ao meu pai. Sentíamos o perfume de longe. Meu pai provou e arregalou os olhos com alegria. Curiosos, pedimos para provar também. Depois de tanto insistirmos e pelo frio intenso que fazia, meu pai passou o copo, primeiro para meu irmão, depois para nós, minha irmã mais velha, eu e nossos respectivos namorados. Para mim, que nunca havia provado cachaça, ardeu a garganta, mas, aqueceu o corpo. Logo veio a comida surpreendente. Um caldeirão enorme, daqueles de ferro, com sopa de legumes e frango, juntamente com o prato principal que era uma enorme travessa de iscas de peixe com molho de tomate apimentado, uma combinação que me pareceu transcendental.
Depois de comermos tão fartamente, fomos para a chácara, felizes e impressionados. Voltamos àquele lugar mais algumas vezes, antes de voltarmos para casa.
Hoje, com este frio e olhando minha caneca de sopa (coisas de fast food moderno), senti muita saudade daquele quitute delicioso e daquela minha primeira aventura com nossa Cinderela tropical, a cachaça.
A lembrança tem razões que a própria razão desconhece. Com o friozinho que tem feito, me pego em flagrantes recordações. Aliás, agradáveis recordações, eu diria.
Quando tenho oportunidade de ficar em casa, naquela deliciosa folga, trato logo de buscar a paz, através de atividades que este clima convida. Enfio meus pezinhos em minhas pantufas macias e quentinhas (da Minie, que minha irmã me trouxe da Disney), me acomodo numa poltrona bem confortável, na companhia de meu bom e velho amigo (o livro). Outras vezes, sob o edredon, assistindo filmes, com um “balde” de pipocas ao lado, é claro. Em outras, sofistico mais e apelo para os fondues maravilhosos, degustados com aquele vinho especial. Aí, não tem jeito. Logo me vem à lembrança algumas viagens aventureiras, pelos cafundós do Brasil.
Já era meio da tarde e o frio estava de congelar os ossos quando chegamos em Crisólia, subdistrito de Ouro Fino, em MG, onde iríamos passar alguns dias de férias, numa chácara ao pé da Serra da Mantiqueira. Passamos pelo mercadinho para levarmos algumas provisões e perguntamos se havia algum restaurante na cidade, onde pudéssemos comer alguma coisa. O comerciante nos indicou o local e lá fomos nós. Chegamos e já ficamos desconfiados, quase a ponto de darmos meia volta e nunca mais voltarmos lá. O local era de péssima aparência, à beira do riozinho. Tinha uma casa velha, de madeira, parecendo abandonada de tão feia, com um puxado de telhas à frente onde abrigava uma mesa longa, feita de tronco, rodeada de bancos rústicos, feitos igualmente de troncos de árvores. Num barquinho velho, ancorado à margem do rio, avistamos aquele homem, de aparência envelhecida, que teimava em consertar velha rede de pesca. Ao ouvir o ronco do motor de nosso carro, olhou-nos com largo sorriso falhado. Gritou o nome da mulher que nos recebeu com um ritmado boa tarde, à moda mineira. Por mim, eu teria voltado dali mesmo, mas, meu amado pai, conhecedor destes cantinhos curiosos, conseguiu nos convencer a ficar. Perguntamos pela comida e logo a senhora se pôs a arranjar a mesa, trazendo pratos e talheres que colocou sobre uma toalha hiper limpinha. O frio era intenso e meu pai foi logo perguntando se tinha uma boa cachaça para descongelar os ossos e aquecer a alma. Para nós, mulheres, o que nos salvaria seria uma boa terrina de sopa bem quente. O casal nos sorriu e pediu-nos para nos acomodar à mesa.
De um tonelzinho velho, colocou num copo simples um líquido dourado, perfumado e doce e entregou ao meu pai. Sentíamos o perfume de longe. Meu pai provou e arregalou os olhos com alegria. Curiosos, pedimos para provar também. Depois de tanto insistirmos e pelo frio intenso que fazia, meu pai passou o copo, primeiro para meu irmão, depois para nós, minha irmã mais velha, eu e nossos respectivos namorados. Para mim, que nunca havia provado cachaça, ardeu a garganta, mas, aqueceu o corpo. Logo veio a comida surpreendente. Um caldeirão enorme, daqueles de ferro, com sopa de legumes e frango, juntamente com o prato principal que era uma enorme travessa de iscas de peixe com molho de tomate apimentado, uma combinação que me pareceu transcendental.
Depois de comermos tão fartamente, fomos para a chácara, felizes e impressionados. Voltamos àquele lugar mais algumas vezes, antes de voltarmos para casa.
Hoje, com este frio e olhando minha caneca de sopa (coisas de fast food moderno), senti muita saudade daquele quitute delicioso e daquela minha primeira aventura com nossa Cinderela tropical, a cachaça.
13 comentários:
Amor, eu sempre te disse que "a cachaça é fundamental".
Acho que seu pai, que não tive o prazer de conhecer, sabia das coisas.
Nada melhor para aquecer os ossos, alegrar a vida e colocar um sorriso nos olhos, do que uma boa talagada da "mardita", e vc sabe que eu pratico, agora com menas intensidade, o melhor esporte de todos, que é o "copofilismo", ou seja, o levantamento de copos mas, sabe tambem, que prego aos quatro ventos que para se beber há que se saber beber.
Não sabe beber quem, junto com o gole da "agua de alambique", bebe tambem o juizo.
Alem de saber beber, o bom bebedor tem que ser religioso e caridoso para, antes de golpear a "uca" labialmente, dar uma talagada da "bicha" ao santo.
Depois dessas consideraçõea, posso e devo comentar teu texto que, sempre é de enorme qualidade e repleto de emoção.
Antes de findar este comentário, levanto minha taça e digo "tim-tim"......
Soninha, Soninha, que texto bonito, lembrando velhos tempos. Como o camarada Miguel, considero que "a cachaça é fundamental". Mas, depois do aperitivo, fiquei salivando pela pipoca e os fondues maravilhosos.
Sim, continuo me queixando: aqui frio, frio, muito frio - um frio gelado de renguear cusco.
Na próxima vez fizer um fondue maravilhoso, manda uma provinha pra mim, já que não me convidastes pro festerê de aniversário (jamais esquecerei esta desfeita, snif, snif, snif...)
Beijo.
Pro alto e avante.
Oi, passa lá no blog, tem um selinho pra ti.
Beijos
Cachaça é a bebida dos deuses, sem dúvida. E por falar em cachaça (mineira), nada melhor do que a Topázio, de Entre Rios de Minas. É a minha preferida, pelo menos. Confesso que a famosa Havana, embora famosa, parece-me inferior a várias outras. Em tempo: gostei mjito de seu texto.
Um beijo.
Soninha! Amei, amei a sua descrição do passeio, das aventuras, das comidas e da experiência com a boa cachaça. Eu já provei também...rs Eu disse "provei"...Primeiro, me assustei com a sensação de que me queimava a mucosa da boca, os lábios, a garganta...tudo! Mas, depois do primeiro gole, o seguinte já desceu melhor...e aí,já se sente o corpo esquentar...Mas, não consigo querer mais! rs
Beijos para você!
Dora
Amiga, detesto cachaça. Mesmo sem nunca ter provado. Só o cheiro dela me enjoa!
Mas o passeio é daqueles que a gente quer repetir, né? E as lembranças do pai são lindas.
Aliás, o texto está deliciosamente bonito. Dá um prazer enorme ler textos assim!
Beijo, viu?
Soninha. Amiga Queridérrrrrrrima!!
Cruel
é a minha visitinha aqui
neste horário...
São exatamente 00h39min
eu estava até então
apenas digerindo palavras...
Eis que,
agora,
estou morrendo de fome!!
Sem falar na pantufa da Minie
que fez a inveja gritar!!
Quero, quero, quero!!
Fácil,
seria engoliar uma rápida cachaça,
a primeira,
porém,
estou mais para sólido do que para líquido.... (rsrsrsrsrs)
Texto adorável como sempre!
Um "tempero" perfeito para alama!!!
Deixo aqui aquele beijãozinho
e o abração apertadinho!!
Paz!
SAÚDE!!
Querida Sonia!
Que linda narração. Senti com você o frio e fiquei imaginando os chinelinhos de lã... Crisólia!Sub- distrito de Ouro Fino. Que aventura, menina. Fiquei com água na boca: molho de tomate apimentado, sopa de legumes. E... nada como uma toalha limpinha. Ela diz tanto, não é?
Beijo no coração
Quem não conhece os cafundós do Brasil não sabe o que é bom. Além das sopinhas, das cachacinhas, das peixadinhas, há também a brejeirice encantadoura das gentes. Meu beijo.
Soninha o Jota tem razão, as surpresas agradáveis que encontramos, na simplicidade é algo inesquecível!
E uma cachacinha pra esquentar do cabelo até o dedão do pé, é uma delícia, não sendo aquela "assassina" da Mari e do seu Cavaleiro Andante...
Vou fazer uma exposição em dezembro num encontro de blogueiros em SC, ficaria tão feliz de ter vc e o Miguel lá! Mas se não der, sei que estarão de coração. Mais informações do Encontro está lá no Rosa.
Beijinhos
Amiga, sua voz é linda e doce como vc!
É um acalanto suave e verdadeiro!
Beijos e tenha um bom dia!
Que lembranças deliciosas, minha cara! Esses lugarezinhos escondidos no meio do nada, esquina com lugar nenhum, são mesmo mágicos, bem como seus quitutes! E uma caninha, assim como um bom vinho, sempre será bem-vindo com uma gostosa comida (mineira, então, hein?!)! Abração!
Soninha,
como já tive minha cota aventureira de sair pelos cafundós deste Brasilzão, sei exatamente do que está falando nesse delicioso texto, por ter encontrado recantos parecidos em todos os sentidos. E uma boa cachaça é irrecusável!
Falando nisso, nos próximos dias teremos o Festival da Cachaça em nossa cidade. Lembre-se que a cachaça de Paraty já foi tão boa que Paraty virou até sinônimo da caninha... rs.
Beijão. Carinho.
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