domingo, 5 de outubro de 2008

Postando pela primeira vez neste blog

Acabou

Ela partiu, sem poder dizer adeus, deixando sob a porta uma simples carta de despedida.
Queria ela poder olhar nos olhos de seu amado e dizer de sua imensa tristeza por tudo aquilo que estava acontecendo.
Ela não conseguia compreender porque razão ele agiu desta forma. Parecia um pesadelo. Coisa de louco. Sem motivos. Sem explicações. Somente um pedido para que ela o compreendesse. Mas, compreender o que? E por que?
Mas, ela se foi. Respeitou seu pedido e partiu.
Ainda andando pela cidade querida que aprendeu a amar observou tudo com detalhes... Cada cantinho, cada árvore, cada rua... Ruas por onde andaram de mãos dadas, que percorreram a pé, de moto ou de carro... A mesma saudade... Saudade de tudo o que viveram ali.
Na viagem pela estrada que ela conhecia tão bem, viu passar por sua mente todos os momentos de felicidade que experimentou nos últimos tempos de sua vida.
Recordava os rostos queridos de todos os amigos que conquistou ali.
Ela, que compreendera todos os problemas e limitações, que cercou de amor e carinho o homem que ama, agora tinha de partir, sem ao menos dizer adeus.
Mas, por amar demais, por ter um amor verdadeiro e puro, compreendia, também, que seria melhor assim mesmo. Entendia que, se a razão daquela atitude de seu amado fosse outra pessoa e que ele não tinha coragem de lhe dizer, ela sim, seria capaz de compreender e renunciar, desejando que ambos sejam felizes. O seu amor é maior e verdadeiro e ela se foi.
Partiu levando consigo uma dor gigante e muita coragem para recomeçar.
A vida lhe exigia providências urgentes.
Enxugou as lágrimas que teimavam em cair, olhou pela janela de seu carro e viu os últimos raios de sol que se despediam do dia, convidando a todos ao descanso providencial, prestou atenção na estrada que lhe exigia atenção e seguiu. Seguiu disposta a retomar sua vida, a retomar seus projetos, meio abandonados por se dedicar tanto ao seu amado.
Uma última lágrima escapa de seus olhos que ela a disfarça com um sorriso, mesmo forçado, mas, esperançoso. Ela não tinha vergonha de ter amado demais.
A noite vinha e a estrada parecia não ter fim. Os rastros deixados para trás, molhados de pranto, registravam mais uma etapa de sua vida, vivida intensamente e finalizada com a dor.
A vida segue e ela queria viver.

SBC, 29/09/2008 – Sonia Astrauskas

3 comentários:

Anônimo disse...

Taí, gostei muito. Ficou simples e bonito. Parece muito com o sorriso que me encantou.

Crys disse...

Vc nem imagina o quanto sou curiosa, por isso que eu cheguei aqui... desculpa a intromissão, nem fui convidada, mas já me sinto em casa.

Dá licença, que agora vou ler toda vc.

Desejo todo sucesso nessa vida louca, mas muito gostosa de blogueira.

Um abraço carinhoso.

Crys disse...

"Ela não tinha vergonha de ter amado demais."

A frase diz tudo. Amar não é troca, é prazer.

Lindo teu texto, diria que me emocionou. Ai como to chata com as minhas emoções. rs

Bjos, querida!