terça-feira, 16 de junho de 2009

Tributo à guerreira

Vendo os últimos acontecimentos, na blogsfera, sobre Loba, recordei-me de antiga lenda, que lhes entrego com todo o meu carinho.

“Certo dia, um grande chefe de um bravo povo guerreiro, ao sentir seu momento de morte se aproximar, chamou seus quatro filhos e disse:
- Há milênios nossa nação tem sobrevivido e enfrentado inúmeros desafios. Porém, os tempos estão cada vez mais difíceis e temo por nosso povo e por nossa terra. Um de vocês, meus filhos, terá de conseguir meios para enfrentar estes novos tempos que se aproximam, assumir meu lugar e caminhar com todo o povo. Os conhecimentos que passei a vocês são necessários, mas, agora, precisarão ser somados a outros para ampliar os horizontes de nosso povo. Caminhem, tragam nova força para perpetuar nossa espécie, com mais saber. Peço que cada um de vocês vá à floresta e aos vales e retorne em três dias trazendo algo de poder para que eu possa escolher aquele que, neste momento, melhor conduzirá nosso povo.
Os filhos ouviram atentamente e saíram para a missão. Passado algum tempo, o filho mais velho retorna, trazendo em suas mãos uma pedra de rara beleza e disse:
- Meu pai, esta foi a mais bela e reluzente pedra que encontrei. Ela representa o reino sólido que eu poderei construir para nosso povo.
O pai acolheu o presente, guardou-o e esperou o outro filho. Quando o segundo filho se aproximou, trazia nas mãos flores de um perfume e suavidade indescritíveis. Ofereceu-as ao pai dizendo que as flores representavam toda a emoção e beleza que seu reino teria. O pai, grato, recebeu as flores e preparou-se para a chegada do próximo filho. O terceiro filho voltou carregando nos braços uma forte caça e disse, entusiasmado, a seu pai:
- Este será o mais saboroso de todos os banquetes realizados nesta nação. Vamos brindar em sua homenagem meu pai, unidos por ti. Assim, viveremos sempre a festejar. O pai, satisfeito, agradeceu e continuou a esperar até que o último filho chegasse.
Passarão-se então os três dias e, por último, chegou o filho mais jovem. Veio de mãos vazias, mas, trouxe em seu olhar um brilho que a tudo iluminava! Postou-se diante do pai e, reverenciando-o, falou:
- Querido pai, entrei na floresta, caminhei por vales, montes e desertos áridos; cheguei a uma grande montanha, então meu pai, lá do alto da montanha, pude avistar um imenso vale com terras férteis, muito verde, flores maravilhosas, rios, nascentes cristalinas, animais que caminham, pássaros que cantam e voam livremente. Senti, meu pai, que toda a nossa nação ali poderia viver, nutrir-se por muitos e muitos anos. Mais ainda, fazer a terra prosperar se, juntos, soubermos amá-la, trabalhá-la e respeitá-la.
Seu pai, comovido e com lágrimas de amor, assim falou:
- Meu jovem filho, você me trouxe a esperança que poderá fazer meu ser continuar a existir, mesmo depois de minha morte. Você me trouxe, com o brilho de seu olhar, a visão do futuro, que nos fará continuar, verdadeiramente. Somos todos aprendizes do amor, a única força capaz de nutrir nosso corpo e nossa alma. A terra e o tempo que nela vivemos são grandes escolas de bênçãos e a vida a lição capaz de ensinar-nos a amar ao próximo como a nós mesmos. Que vocês, meus filhos, se unam e unam nossa nação para caminharem todos juntos.”

Esta lenda é antiga, mas, poderá ilustrar o que todos deveremos fazer, daqui para frente. Nós, que escrevemos e que, acima de tudo, lemos os incríveis posts de nossos colegas autores, tanto os autores novatos (como eu) como os mais antigos e experientes, como Miguel, Zeca, Dácio, Jens, Crys, Dora e tantos outros, deveremos escrever o que sabemos, com a riqueza e força peculiares de cada um de nós e nos unir em respeito, criatividade, decência, idoneidade, compromisso, responsabilidade, para que Loba, através de Euza, prossiga sua trajetória literária recolhendo os louros que merece e que veja a posteridade de seu trabalho pelos exemplos deixados e seguidos.

Muita paz a todos! Beijosssssssssss

15 comentários:

Unknown disse...

Linda história, Soninha.
Aconteceu alguma coisa com a Jaqueline (Loba)?
Se é a mesma que penso, vou lá agora conferir.
Beijos

Jens disse...

Oi Soninha.
Bonita, elegante e inspirada a tua homenagem à Loba que nos deixa e à Euza que conosco permanece. Sem pedir permissão, me junto à tua sensibilidade e assino embaixo. Com sua generosidade e sinceridade - por vezes triste, alegre, sedutora, provocativa ou indignada - a Loba despertou, em alguns de nós sentimentos até então inusitados. Vamos garantir o viço do seu legado.

Um beijo.

Miguel S. G. Chammas disse...

Soninha,
msmo diante de todos os acontecimentos funestos dos ultimos, seu gesto caiu como um raio de sol no meu final de dia.
Foi muito bom te ler, foi muito bom lembrar que eu te incentivei a escrever e, lógico, apreciar hoje o resultado desse incentivo.
Obrigado por fazer de meus amigos teus amigos.
Obrigado por todos os gestos de comprovado carinho comigo e com todos os nossos amigos da blogsfera.
E, principalmente, obrigado por escrever tão bem.

Miguel S. G. Chammas disse...

Soninha,
msmo diante de todos os acontecimentos funestos dos ultimos, seu gesto caiu como um raio de sol no meu final de dia.
Foi muito bom te ler, foi muito bom lembrar que eu te incentivei a escrever e, lógico, apreciar hoje o resultado desse incentivo.
Obrigado por fazer de meus amigos teus amigos.
Obrigado por todos os gestos de comprovado carinho comigo e com todos os nossos amigos da blogsfera.
E, principalmente, obrigado por escrever tão bem.

Moacy Cirne disse...

Bela homenagem, minha cara. E grato pela visita ao Balaio. Vou dar uma geral no seu blogue, que, numa primeira leitura, pareceu-me bastante interessante.

Um abraço.

Zeca disse...

Sonia, uma das minhas mais novas amigas de infância!

Bela, inspirada e inspiradora homenagem a nossa amiga querida! Tenho certeza que a Euza estará sempre conosco, no coração, nas boas e doces lembranças e, sobretudo, trazendo-nos o respeito pelo Outro e a esperança de melhores dias. O vermelho fechou-se sobre a Loba, permitindo à Euza vir à luz de onde continuará nos inspirando e nos nutrindo com sua integridade como ser humano que é.

Beijos, carinho.

Euza disse...

Soninha querida!
Olha, nunca fui modesta. Aliás, sempre fui muito além da imodéstia. Portanto, o que vou dizer agora é sincero, viu?
Todas as demonstrações de carinho que venho recebendo têm me deixado muito feliz, mas também muito surpresa. Andei me arrastando no blog e de uma forma tão pouco parecida com a loba de uns tempos atrás que não imaginei esta reação dos amigos. E vc acaba de me deixar emocionada! Talvez eu tenha sido um pouco assim, como vc descreveu, mas com certeza vocês são pessoas maravilhosas e me vêem muito além do que eu própria consigo enxergar.
Imagina a minha satisfação ao constatar isso! Só posso agradecer aos amigos citados e a tantos outros que me acolheram em todos estes anos na blogosfera. E a você, amiga de tão pouco tempo, agradeço com grande emoção. Afeto independe de tempo ou de espaço, né? A gente conseguiu plantar flores, mesmo na aridez do solo virtual!
Como eu disse por aí, é tempo da Loba partir. Mas com certeza parto feliz e com um sentimento enorme de realização. Fiz grandes amigos, participei de muitas e belas trocas. E estarei por aqui, claro. Numa outra esfera, com outras expectativas, mas com o mesmo afeto. E com a mesma vontade de plantar flores e amor!
Um beijo querida. E obrigada, de coração, por me associar a esta bela lenda!

Beti Timm disse...

Comadre querida, o que dizer da loba, da verdadeira e carinhosa parceira Euza? Posso só dizer, que estou aqui, graças às duas e graças a sensibilidade da Loba-Euza. As duas autênticas e ousadas que muito me ensinaram.

Beijos

Rosangela Neri disse...

Amei a lenda!!!

Adoro ler histórias assim... aliás adoro ler de tudo, por isso gosto do blog roda de prosa.

Beijinhos de boa semana!!!

Moacy Cirne disse...

Sônia,
vendo a última postagem do Jens, relendo o seu texto, visitando (sem deixar comentário) o blogue de Miguel, confesso que estou um pouco perdido. O seu texto parecia-me uma homenagem a alguém querido. Parece que é mais do que isso...
Um abraço.

Lino disse...

Soninha:
O Jens me chamou a atenção, embora a conheça das referências do meu cumpadi Miguel. No caso da Loba, que é também uma querida amiga, acho que será como a fênix, renascendo daqui a pouco.
E como ela própria disso - e ficou concluído da sua conversa com o Miguel - o virtual é o meio. A amizade por ele criada, continua.

Dilberto L. Rosa disse...

Uma pena a Loba... Para onde ela foi? Desapareceu... Vai a criatura, que fique a sempre inteligente e simpática criadora! Bela homenagem! Abração!

Jota Effe Esse disse...

Posição bem colocada, eu assino embaixo. Meu beijo.

Cecília disse...

Soninha, temum presentinho pra vc lá no blog!

Bjão!
Bom final de Semana

Eráclito-Alírio da Silveira disse...

Sônia, achei a tua lenda muito interessante e, isso, me levou para um tempo muito remoto, quando o meu pai nos ensinava com essas lendas.
Como ele dizia, as parábolas não são minhas, mas vocês façam de contas que são e observe o ensinamento pretendido pelo autor.
Quero te dizer que estou ansioso, para publicar a homenagem ao dia 26 de julho.
As minhas homenagens são um tanto atrevidas, mas eu gosto disso.
Beijos.