domingo, 23 de janeiro de 2011

Colação de grau

Sexta-feira, dia 21 de janeiro de 2011, o correu a cerimônia solene de Colação de Grau oficial dos formandos do ano letivo de 2010 das Faculdades Oswaldo Cruz e meu filhão estava entre eles, pelo curso de Publicidade e Propaganda.
Fiquei muito feliz e orgulhosa, pois considero uma grande vitória dele, depois de ter passado por aquele acidente terrível que o afastou dos bancos escolares por um longo período. Mais orgulhosa ainda porque ele foi o orador da turma, escolhido por unanimidade pelos colegas.
Seu discurso foi muito peculiar e despojado e é com muito orgulho que o publico aqui.
Meu filho querido, eu te amo muito.

(Sonia Astrauskas)

Ola, tudo bem?
Em primeiro lugar eu quero agradecer à minha sala por ter me escolhido para orador. No dia da escolha só tinha eu na sala; o professor olhou para mim e falou: alguém quer se canditadar? Eu levantei a mão e ele falou: mais alguém? Mais alguém? Respirou fundo e falou, vai... Pode ser você mesmo. (brincadeira)
Quero agradecer também a todos os que estão na banca, Nossa! Banca? Tô com trauma ainda do meu TCC; a todos os alunos e a todos os que vieram aqui hoje.
Obrigado, de coração, a todos.
Gostaria de me apresentar; meu nome é Vicente e sou aluno de Publicidade e Propaganda. Opa! Desculpa ai gente, não sou mais aluno. Desculpa; força do hábito.
Estou aqui, com essa roupa engraçada, um chapéu bem fashion e um canudo na mão. Na real, eu achava que ia estar com o canudo já! Desculpa.
Nos tempos de faculdade, tentei ser uma pessoa legal com todos e sempre fui metido a engraçadinho; acredito que alguns daqui estão esperando um texto bem debochado e sem noção, bem parecido com os 4 anos que passei aqui, mas, sentado em meu quarto tentando dar o toque especial do Vicente no texto, vi que esse momento é uma responsa muito grande. Então, não fiquem decepcionados se eu não falar as coisas debochadas ou sarcásticas agora.
Não sei se todos os presentes sabem, mas existe um ditadinho muito conhecido entre os estudantes:
“Entrar na faculdade é fácil, difícil é sair.” Já ouviram?
Fiquei pensando algum tempo sobre esse ditado e cheguei a algumas conclusões. Hoje, depois de 4 anos de faculdade, posso vir aqui e dizer, com toda certeza, o porque é tão difícil sair da faculdade.
Sair não é difícil por causa do custo e dos gastos que se tem quando se é um estudante. Nem por causa da indesejada matemática das notas, exames e DP’s que você acumula durante a sua jornada aqui.
O difícil mesmo é que, depois de tanto tempo, deixar o convívio diário com tantos amigos, até os que você não gosta muito, deixar somente na lembrança tantas histórias, tantos amores, e os desamores também, não é tão fácil assim. Deixar é claro, os tão polêmicos botecos, (Mãe, eu não bebo tá? Só eles que bebem), deixar cenário de tantos acontecimentos, os amados mestres, como a Maria Tereza... Não gente, tô brincando. Os professores, esses sempre tão bons contatos profissionais (aliás, professores, imprimi uns currículos tá, vou deixar com vocês quando acabar aqui, só por garantia), enfim, é muito complicado enfrentar a vida adulta. (Olha mãe, quem diria que um dia eu ia falar isso heim?).
Enfrentar a vida adulta, mas, agora com a responsabilidade de exercer a profissão que escolhi, de ser bem sucedido no mercado de trabalho, ou ser devorado pelo mesmo.
Lembro que, no meu primeiro dia de aula, um professor perguntou o que eu queria seguir, e respondi: Criação. Ele me olhou e falou que também era de criação; fiquei muito feliz... Por 4 segundos. Porque depois de me falar, ele estufou o peito, me olhou firmemente nos olhos e mandou sem respirar: Seja bem vindo! Nossa! Mal eu terminei de respirar ele falou: Você tá ferrado. acabaram as suas noites de sono, seus fins de semana e tudo o que você mais gostava de fazer... E tudo isso, no primeiro dia de aula.
O mais engraçado em tudo isso é que, ao falar para as outras pessoas sobre o curso que escolhi, falavam: Publicitário? Isso é profissão de vagabundo!
- Publicidade faz o que mesmo? Musiquinha pra comercial e fundo colorido para propaganda de revista? Você é o cara que faz aqueles frufruzinhos que tem nos intervalos do pânico, né? E ainda ganha para fazer isso?
- Ah! Fala a verdade, você escolheu esse curso porque não gosta de exatas. Cambada de preguiçosos!
Olha, pensando bem... Estou achando mesmo que...
NÃO! NÃO É!
A Publicidade te escolhe!
Quem estudou sabe o sentimento que dá (sentimento esse que podemos chamar de inveja), quando você vê um anúncio ANIMAL em uma revista.
Ou um comercial de TV, com um jingle irado, com uma sacada que faz você pensar:
PUUUTZ! Eu queria ter feito isso ai!
Queria estar envolvido com isso, de alguma maneira.
A Publicidade influencia você. Para mim, um anúncio perfeito, está lá, em algum lugar, só esperando chegar alguém perto e ela o escolher para produzi-la.
Quem não se lembra do comercial que fala assim: - pipoca na panela começa a arrebentar, pipoca com sal, que sede que dá. Ou o : O tempo passa, o tempo voa, e a poupança Bamerindus continua numa boa, é a poupança Bamerindus , dus dus dus!
Pois é! É disso que eu estou falando!
Propagandas como essas te levam à Publicidade, faz com que você se sinta escolhido.
Mas, como tudo na vida, também há o lado negro da coisa, e você pode se sentir um escolhido, depois de ter assistido a esse comercial.
-Oi, eu sou o Dolynho, seu amiguinho, vamos brincar, Dolly, Dolly guaraná Dolly, o melhor.
Ai, você pensa: Meu, é isso mesmo que eu vou fazer, vou mudar para Administração... Não... Estou brincando, pensa, eu vou estudar essa PORRA! Porque não é possível! Eu sou capaz de fazer alguma coisa melhor que isso!
O importante é que estamos aqui. Novinhos em folha!
Tendo escolhido ou sendo escolhido pela profissão. A conclusão da faculdade, além de um passaporte, é um sonho realizado.
Agradeço em nome de toda a turma, aos nossos familiares e, principalmente, aos professores, que tornaram o meu sonho e acredito que o de todos aqui, bem real.
Por hoje é só.
Obrigado!

Por Vicente Astrauskas Neto

domingo, 2 de janeiro de 2011

Rabanadas

São tantas recordações, meu Deus! Especialmente agora, pelas comemorações de fim de ano. Temos todos nós, muitas histórias para contar. Muitas memórias sobre Natal. Mas, revendo algumas receitas para escolher algumas para as festas natalinas, lembrei-me das rabanadas...
Quando pequeninos, meus irmãos e eu tantas vezes sonhávamos com aqueles quitutes deliciosos, que víamos pela televisão, ou mesmo nas revistas... Pedíamos para nossa mãe preparar, porém, nem sempre dava para serem aquelas, da revista ou da TV...
Lá pelos idos de 1964, quando vivíamos os turbulentos dias da revolução, numa imensa dificuldade financeira, pois meu amado pai havia ficado detido no DOPS, mamãe tinha que se virar para que não faltasse o alimento à nossa mesa. Meu pai amado era líder sindicalista, dentro da Mafersa, onde trabalhava. Não tinha vínculos políticos, não participava de nenhuma atividade subversiva. Apenas era como um “porta voz” dos colegas, dentro da fábrica. Porém, foi levado para esclarecimento e ficou por 30 dias detido no DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) em São Paulo. Era para lá que os presos políticos eram levados, durante a ditadura militar, para serem interrogados, torturados e, em muitos casos, mortos pelo sistema autoritário que regia o país. Foi no prédio localizado na região da Estação da Luz que homens e mulheres viveram e presenciaram cenas de violência inimaginável, que o tempo ainda não conseguiu apagar. Felizmente, nada puderam provar contra meu pai e ele foi libertado, graças a Deus, mas, ficou desempregado e um longo período de penúria se abateu sobre nossa família. Nosso avô materno era quem supria nossas necessidades, neste período.
Tudo isto para eu falar sobre como pudemos apreciar as famosas rabanadas, um prato muito saboroso e por um custo baixo. Minha mãe e minha avó, para satisfazer nossa vontade quanto aos quitutes natalinos que víamos na televisão ou nas revistas, nos contou que era uma iguaria muito apreciada, herança da culinária portuguesa e estava sempre presente nas mesas mais requintadas de nossa cidade.
Para nós, crianças, que até então acreditávamos que era simplesmente pão frito, passamos a ver com outros olhos e a saborear com mais prazer as famosas rabanadas.
Hoje, posso dizer que faço questão de tê-las em minha mesa nas festas de fim de ano. Que delícia!
Feliz Natal a todos! Boas Festas!

Por Sonia Astrauskas