sexta-feira, 18 de junho de 2010

síncope



O balde estava cheio e começava a transbordar. Derramava muito, totalmente sem controle.
Uma analogia simples, mas, era assim que o corpo estava. Vazando, cheio de problemas e sem controle.
Gritava em silêncio e dava sinais, mas, eu protelei...adiei...acreditei que era simples, que era um mero problema de hipertensão. Porém, a coisa ficou séria.
Foi na manhã do dia 17 de Maio deste ano de 2010. Eu estava trabalhando, como de costume, num ritmo alucinado. Muitas coisas a fazer e fazendo tudo ao mesmo tempo. Não gosto de deixar nada para depois, não adio tarefas e esse é meu mal. Meu pobre corpo tem algumas limitações, infelizmente. Afinal, já não sou mais uma menina...nem mocinha....ai.
Eu, que sempre parafraseio “preste atenção nos sinais”, não prestei atenção às evidências que meu corpo mostrava. Na verdade, eu sabia, mas, eu não queria admitir nem parar.
Veio a parada compulsória. A síncope.
Tive 5 desmaios. Três naquela segunda-feira. O primeiro, no escritório. Foi aquela correria, disseram-me depois. Os colegas vieram em meu auxílio, carregando-me para uma poltrona da recepção. Depois, fui levada ao pronto socorro. Ao tentar descer do carro, outro desmaio. Pressão arterial altíssima. Enquanto aguardava a sequencia do atendimento, outro desmaio. Após várias horas e alguns medicamentos, fui liberada para ir para casa, sem que explicassem a causa dos desmaios.
A noite, já em casa, Miguel todo solícito e preocupado, não media esforços para me deixar bem acomodada. Mais tarde, um telefonema para minha irmã Claudia e a bronca. No mesmo instante, ela ligou para a amiga Ivana, um anjo, disfarçado de enfermeira, que cruzou nosso caminho. Ela ligou imediatamente para o Dr. Aroldo que se prontificou a me examinar e verificar o que estava acontecendo.
Começava a longa trajetória pelos vários setores do Hospital São Paulo, lá na Vila Clementino, onde estudantes e professores da Universidade Federal de Medicina do Estado do São Paulo me examinaram, pesquisaram, investigaram, sempre ao comando e orientação do Dr. Aroldo, um médico maravilhoso, ético, compromissado, sem deixar de ser alegre, espirituoso e amável.
Quando chegamos na Rua Botucatu, 602, onde fica o Centro Alfa, desmaiei novamente, bem na calçada da rua, onde Ivana nos aguardava e nos recebia com um abraço apertado. Claudia me segurou e Ivana foi, às pressas, buscar uma cadeira de rodas. Já dentro da clínica, durante os primeiros atendimentos e exames, mais um desmaio.
Praticamente, fui virada pelo avesso. Além de passar por uma desintoxicação medicamentosa, ao londo destas semanas. Sim. O medicamento que eu vinha usando, por recomendação e critério médico, simplesmente estava me matando. Provocava o que os médicos da UNIFESP classificaram como SÍNCOPE, causada por alta dose de betabloqueador, levando a uma demora na irrigação sanguínea do cérebro, o que provocava o desmaio. Eu apagava por alguns segundos, depois voltava. Um erro médico, vejam só, do cardiologista que me atendia em São Bernardo do Campo.
Os diversos exames, aos quais fui submetida, encaminhados pelo Dr. Aroldo da UNIFESP, foram mostrando vários outros problemas.
Hoje posso compreender como meu organismo estava completamente descompensado. Nódulos na tireóide causaram muitos problemas. Somados a uma obstrução na artéria renal, podem ter estimulado o aumento da pressão arterial e levando ao aumento de todos os índices do meu sanguinho. Uma bela esteatose hepática grau 3 e a festa está completa.
Dieta rigorosa, supervisionada pela mana Claudinha – motorista, guardiã e companheira constante - e acompanhada por Ivana que providenciou todos os exames e consultas. Novos medicamentos para controle da pressão arterial e do colesterol. Consultas com endocrinologista e nutricionista para conter os avanços dos problemas apresentados e as consultas constantes com o cardiologista.
Bem...estou buscando melhor qualidade de vida. Os males foram para meu bem. Hoje estou menos ansiosa, mais cuidadosa com a dieta, porém, não menos estressada. Esta parte é mais difícil.
Vou pedalar uma bicicleta simples, pela ciclovia dos jardins da orla. Céu e mar, sem medo de ser feliz!
Em breve, volto a escrever.